Equinocultura

Parte 3: Cavalo não acaba na mesa! Crioulo avança dos pampas pelo baixo custeio

23 jul 2019, 13:22 - atualizado em 23 jul 2019, 14:45
Rusticidade e resistência somam custo baixo de manutenção da raça crioula (JLS Hermoso – JG Martin/ABCCC)

O poder dos cavalos como ativo financeiro é significativo conforme a sua fragmentação em território nacional, porém mais relevante ainda é quando uma raça é mais de vizinhança regional e mostra números que não ficam para trás de outras muito espalhadas. A crioula com certeza é a mais forte delas, no cenário gaúcho dos pampas, e tem relevante participação em uma economia forte em transformar o agro em comida.

E ainda mantendo uma expressiva identificação integradora com o agronegócio em geral, quando muito se usa os animais de serviço nas pradarias, sobretudo ainda onde o rebanho bovino sobrevive nas faixas de fronteiras. Somente cavalos e éguas registrados no setor genealógico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), os números alcançam os 450 mil e ajudam dar um ideia de sua participação no mercado equino, de R$ 16,5 bilhões (Esalq), que o Money Times tem apresentado até aqui (quarto de milha e mangalarga).

Sobre as estatísticas mais consolidadas de 2017, o superintendente Frederico de Araújo trabalha com alta de 10% o ano passado e mais 10% neste 2019.

“Os dados de transferências de animais registrados indicam essas projeções”, avalia, com base, por exemplo, nas vendas, de R$ 53,5 milhões de negócios em leilões, envolvendo 2.864 animais, e vendas particulares (nas estâncias e cabanhas), de R$ 78,3 milhões, ambos de dois anos atrás

As transferências de donos são os resultados mais particular que Araújo, proprietário de “um pequena criação” em Rio Grande, na fronteira com Uruguai, avalia. Foram 24.021 ao longo de 2018, alta de 10%.

Interessante, aponta Araújo, que do percentual de expansão, “25% são de registros fora do eixo Sul, ou seja, a raça cresce em presença no sudeste e até mais para cima”. Dos 95% de registros no Rio Grande do Sul, o Sudeste tem quase 7% e os criadores do Centro-Oeste praticamente 6%. “Por isso em algumas consultorias que temos dados fora do Sul notamos pequenos criadores migrando para o crioulo”, afirma.

Baixo custo

É um produto com bom poder de venda na relação custo de manejo.

Raça forjada a partir de animais da Península Ibérica, criados selvagens nos pampas até que foram “domesticados”, sujeitos a baixas temperaturas e alimentação restritiva, “também é resistente às grandes variabilidades de climas”.

Isso, estabulado, proporciona ao crioulo um custo de manutenção em alimento dos mais baixos, dada a sua grande capacidade de conversão alimentar. Com ração comercial, e até mesmo sem suplementação energética, um animal médio, comum, sem gastos adicionais de um “atleta”, gira em R$ 250,00 mensais. A rusticidade e força baseiam o custeio.

Outra característica dessa raça, desenvolvida pela paixão regionalista dos gaúchos, é o número de eventos, entre os famosos Freios de Ouro, exposições e marchas de resistências, que moldam a seleção genética. No ciclo de 2018, segundo o superintendente da ABCCC, foram 1.046, e 21,4 mil animais inscritos.

O mercado do crioulo baseado no Brasil vai se multiplicando quando agregado ao Uruguai, Argentina e Paraguai, onde a raça foi desenvolvida nos campos de fronteiras secas, até chegar ao Chile e Peru. O que aumenta o poder de liquidez da raça, já que os negócios com animais, coberturas e venda de embriões não encontram fronteiras.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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