Parlamentares se mobilizam para garantir recursos para Embrapa
Parlamentares da Comissão de Agricultura e da Frente Parlamentar da Agricultura vão procurar integrantes da Comissão Mista de Orçamento para discutir o orçamento da Embrapa para o ano que vem. O coordenador da frente, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidiu nesta quinta-feira (26) uma audiência pública na Câmara sobre o assunto.
Para 2020, a Embrapa precisa de R$ 3,7 bilhões para desenvolver suas pesquisas e se manter. Os recursos sempre vieram do Tesouro Nacional. Agora, cerca de R$ 2 bilhões virão dali. O restante está previsto na chamada “fonte 944”, que pode ser contingenciado e depende da aprovação de projetos de abertura de crédito suplementar pelo Congresso Nacional ao longo do ano que vem. De garantidos, portanto, apenas os R$ 2 bilhões que não dependem do Legislativo.
Na opinião do deputado Alceu Moreira, a Embrapa precisa começar a “colocar preço no discurso”.
“Se tu fizeres um discurso ótimo para a Embrapa, mas toma da Embrapa 45% (das verbas), então esse discurso não é verdadeiro. Então quando se dá voz política, se está colocando preço no discurso e o governo vai ter que dizer com clareza qual é o discurso que ele tem em relação à Embrapa e qual o preço disso”, observou Moreira.
Caminhos criativos
O representante do Ministério da Agricultura no debate, e secretário-adjunto da Secretaria de Inovação, Pedro Neto, reconheceu que, no cenário de restrição orçamentária, o avanço das políticas públicas perde performance e cabe aos gestores públicos encontrarem caminhos criativos para compensar as perdas.
Mas o presidente da Embrapa, Celso Moretti, está otimista. Ele acredita que os recursos adicionais serão acrescentados pelo Legislativo. Moretti demonstrou a importância das pesquisas realizadas pela empresa.
“Aumentamos em 510% a produção num período de 4 décadas e meia e só aumentarmos em 2 vezes a área. Que dizer, o nome disso é tecnologia. O setor florestal aumentou a produtividade em 140%. Nós aumentamos a produtividade da cafeicultura em 4 vezes. (…) E a produção de carne de frango. Hoje a gente saiu de 200 mil toneladas por ano para 12 milhões de toneladas. Aumentamos 60 vezes. E tudo isso porque o Brasil mais uma vez decidiu investir de forma consistente em pesquisa, inovação e tecnologia agropecuária”, observou.
Insegurança alimentar
Celso Moretti explicou que, na década de 1970, o Brasil vivia situação de insegurança alimentar e era importador de alimentos, havia crise de abastecimento e as políticas públicas eram insuficientes para o desenvolvimento agrícola. Com a Embrapa, o Brasil criou um modelo competitivo de agricultura tropical sem paralelo no mundo.
A Embrapa tem 8.500 empregados, 2.200 pesquisadores, 43 unidades de pesquisa e mantém 78 programas de melhoramento genético e cooperação técnica com Estados Unidos e Europa e de cooperação técnica com países da América Latina e África.