Política

Parlamentares reagem a suspensão de testes de CoronaVac e comemoração de Bolsonaro

10 nov 2020, 15:25 - atualizado em 10 nov 2020, 15:25
José Guimarães
O líder da Minoria na Câmara dos Deputados, José Guimarães, protocolou requerimento de informações ao ministro da Saúde sobre a decisão da Anvisa (Imagem: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados)

A suspensão dos testes com a vacina CoronaVac pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) provocou reações no Congresso Nacional, assim como a comemoração do presidente Jair Bolsonaro ao classificar a interrupção como uma vitória.

A Anvisa interrompeu os testes no país da CoronaVac, vacina contra a Covid-19 da chinesa Sinovac, após a ocorrência de um evento adverso grave com um voluntário. Ao responder pergunta de um seguidor em rede social, Bolsonaro postou link de um artigo sobre a suspensão dos testes e afirmou: “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha.”

O líder da Minoria na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), protocolou requerimento de informações ao ministro da Saúde sobre a decisão da Anvisa, como o Instituto Butantan foi informado e quais os motivos que embasaram a suspensão.

O requerimento também questiona porque a agência não optou pela interrupção dos testes da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, também em testes no país, que registrou a morte de um voluntário brasileiro.

“Vivemos a maior pandemia de saúde do século, contabilizamos mais de 160 mil mortos e os efeitos econômicos da paralisação das atividades já são devastadores.

O mundo inteiro aguarda ansiosamente a vacina para o combate ao Covid-19, e nesse momento crucial, o governo brasileiro age como se a vida das pessoas fosse objeto de disputa eleitoral. Irresponsabilidade! Absurdo! Então, solicitamos as informações contidas nesse requerimento para melhor esclarecimento do tema”, diz o requerimento.

No Twitter, a líder do PCdoB na Câmara, Perpétua Almeida (AC), considerou a situação “muito grave” e alertou que caso haja comprovação de motivação política ou ideológica para a interrupção dos testes, “o Congresso tem duas providências imediatas a tomar: cassar o mandato do presidente da Anvisa e abrir o processo de impeachment contra Bolsonaro”.

“‘Evento adverso grave’ é ver o presidente colocar em risco a saúde dos brasileiros por disputa política, ao comemorar decisão da Anvisa de suspender estudos da vacina Sinovac/Butantan. Mesquinho, Bolsonaro só pensa em eleição e enlameia reputação de respeitada instituição nacional”, publicou a deputada na rede social.

Por meio de nota, o líder do Cidadania na Câmara, Arnaldo Jardim (SP), considerou a publicação de Bolsonaro “inconsequente”.

“É assim que classificamos a declaração do presidente da República, ao comemorar a suspensão pela Anvisa dos testes com a vacina que pode salvar a vida de milhões de pessoas. Além de desprezar a ciência, Bolsonaro se comporta de maneira antiética e desprezível. Longe da estatura exigida para um chefe de governo de um país gigante como o Brasil”, avaliou o líder.

O evento adverso que levou Anvisa a suspender os testes foi o suicídio de um voluntário, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.

Em coletiva nesta terça-feira, o diretor-presidente do órgão regulatório, Antonio Barra Torres afirmou que a decisão era a única a ser tomada a fim de obter informações necessárias para a autorização ou não da continuidade dos trabalhos.

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