Parceria com GIC em transmissão reduz dívida da Neoenergia (NEOE3) em R$ 3 bi, diz CEO
A parceria fechada com o fundo soberano de Cingapura GIC em transmissão de energia vai permitir à Neoenergia (NEOE3) um reforço importante em sua estrutura de capital, com redução de 3 bilhões de reais em sua dívida líquida consolidada, disse nesta terça-feira o CEO da elétrica, Eduardo Capelastegui.
A Neoenergia anunciou na noite da véspera um acordo com o GIC para a venda de participação societária de 50% em oito ativos de transmissão que estão em operação. O negócio prevê ainda a criação de uma plataforma para investimentos conjuntos no segmento, com as partes podendo participar como sócias em futuros leilões.
Em teleconferência de resultados, Capelastegui afirmou que o negócio é interessante do ponto de vista estratégico e proporciona uma desalavancagem do grupo, em meio a um cenário de juros “desafiador”.
A projeção de redução de 3 bilhões de reais em dívida líquida neste ano inclui a desconsolidação de ativos operacionais do balanço e a entrada de caixa de 1,2 bilhão com a operação, explicou a companhia, estimando ainda uma diminuição adicional no endividamento até 2025 com a possibilidade de venda de ativos hoje em desenvolvimento.
O CEO da Neoenergia explicou ainda que a parceria com o GIC em oportunidades futuras deve ocorrer já no leilão de transmissão marcado para junho, que vai oferecer ao mercado nove lotes, envolvendo um total de 6,1 mil quilômetros de novas linhas e investimentos de 15,8 bilhões de reais.
Caso os sócios vençam lotes nos leilões, a Neoenergia terá 60% de participação no ativo durante sua fase de construção. Após a finalização e entrada em operação, os ativos serão transferidos para a holding de transmissão que será criada em conjunto com o GIC. O fundo “comprará” participações nessa fase, de modo que as parcerias terão ao final 50%-50% de todos os ativos operacionais.
Novas oportunidades
O CEO da Neoenergia destacou que a companhia segue interessada em crescer no setor de transmissão de energia e enxerga “boas oportunidades” nos leilões de junho e dezembro.
Já no caso do certame previsto para outubro, que deverá ser o maior da história do segmento, oferecendo grandes lotes de linhas em corrente contínua, a empresa não tem interesse em disputar.
“Não estamos nem analisando essa alternativa… Não consideramos que somos competitivos em corrente contínua”, afirmou o executivo.
Ele disse ainda que a Neoenergia mantém seu plano de rotação de ativos e está confiante em ter “grandes avanços” na venda de sua participação na usina Belo Monte ainda neste ano.