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Paralisação na Vale pode causar déficit no mercado de minério de ferro, alerta UBS

10 jun 2020, 9:51 - atualizado em 10 jun 2020, 10:06
Vale Itabira VALE3
A expectativa é que a paralisação do complexo da Vale em Itabira diminua a oferta (Imagem: Janaina Duarte/Vale)

O mercado global de minério de ferro pode ter déficit se a paralisação de operações no Brasil devido ao coronavírus persistir e os preços estão em equilíbrio arriscado, alertou o UBS. A avaliação reflete a crescente preocupação com as potenciais implicações da paralisação. Os contratos futuros do metal se mantiveram acima de US$ 100 por tonelada.

A expectativa é que a paralisação do complexo da Vale em Itabira — após trabalhadores terem contraído a Covid-19 — diminua a oferta, afirmou o UBS em nota, prevendo preços elevados até haver clareza sobre a produção. Separadamente, o National Australia Bank subiu as projeções para 2020 e a Macquarie Wealth Management avisou que o risco para a oferta aumentou.

O preço do minério de ferro disparou nesta semana, depois que um tribunal determinou que a Vale (VALE3) suspendesse as operações no complexo responsável por 10% da produção anual.

A alta do preço foi amplificada pela forte demanda da China. Até o momento, a Vale não vê necessidade de cortar a projeção para a produção em 2020, embora bancos tenham sinalizado que atingir a meta atual será desafiador. A paralisação ajuda rivais da Vale, como BHP Group, Rio Tinto e Fortescue Metals.

O preço está em equilíbrio tênue porque oferta e demanda estão equiparadas, segundo o relatório do UBS escrito pela equipe de analistas que inclui Glyn Lawcock.

O relatório elevou o preço-alvo das ações da Fortescue e avisou que, se as operações em Itabira continuarem paralisadas pelo resto de 2020 e as demais condições forem mantidas, o mercado entrará em déficit.

O preço do minério de ferro disparou nesta semana (Imagem: Reuters/David Gray)

Os contratos futuros de minério de ferro chegaram a subir 0,7% antes de recuarem 0,6% para US$ 100,50 por tonelada em Cingapura.

Os contratos mais ativos registraram cinco semanas consecutivas de ganhos. Atualmente, o UBS projeta a cotação em US$ 86 no segundo semestre.

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Previsões

O UBS vê risco de não atingir sua estimativa de superávit de 12 milhões de toneladas em 2020, calculando um déficit de 5 milhões de toneladas se a paralisação em Itabira continuar até o final do ano.

Contudo, o monitoramento de navios sugere uma grande reviravolta nos últimos embarques da Vale e, se o quadro for mantido, a cotação do minério de ferro deve ficar abaixo de US$ 100 por tonelada.

O National Australia Bank subiu as previsões para a tonelada do produto de US$ 84 para US$ 90 em 2020 e de US$ 74 para US$ 83 em 2021, refletindo preocupações com a oferta.

A Macquarie Wealth Management entende que a paralisação aumenta o risco para a oferta. Para a Vale atingir sua previsão anual de produção, precisará embarcar, em média, mais de 6 milhões de toneladas por semana até o fim do ano, nível que ainda não foi atingido em 2020.