Internacional

Paraguai quer transformar região do Chaco em hub de transporte

22 jul 2019, 19:29 - atualizado em 22 jul 2019, 19:29
O investimento de mais de US$ 2 bilhões em infraestrutura básica, como estradas e pontes (Imagem: Pixabay)

O Paraguai planeja transformar sua remota e pouco povoada região noroeste em um hub de transporte internacional e um elo fundamental entre os portos do Atlântico e Pacífico, em um projeto que o governo paraguaio compara ao atual Canal do Panamá.

O investimento de mais de US$ 2 bilhões em infraestrutura básica, como estradas e pontes, tem como objetivo transformar a região do Chaco e impulsionar o comércio, segundo o ministro de Obras Públicas, Arnoldo Wiens. O Corredor Bioceânico vai conectar portos no Brasil e no Chile, com uma rodovia reformada com extensão de norte a sul.

O projeto vai resultar em “um desenvolvimento sem precedentes”, disse Wiens em entrevista por telefone, de Assunção.

Embora Wiens tenha comparado o impacto potencial no comércio regional com o do Canal do Panamá no início do século 20, a América Latina possui uma longa história de ambiciosos projetos de infraestrutura que nem sempre se materializam.

Um plano para construir dois túneis de 13,9 quilômetros através dos Andes avançou pouco desde que a Argentina e o Chile criaram uma entidade conjunta para administrar o projeto em 2010. Ainda assim, o vasto e semiárido Chaco já é parte importante da economia paraguaia, com grande produção de carne bovina, laticínios e cada vez mais soja, graças em grande parte aos agricultores menonitas que se estabeleceram na região.

O valor anual das mercadorias transportadas pela atual rodovia Transchaco pode mais do que triplicar, para cerca de US$ 5 bilhões em cerca de cinco anos com a melhoria das estradas, segundo Wiens.

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Inferno verde

O desmatamento acelerado está transformando a área quente e ecologicamente diversificada – antes conhecida como o “inferno verde” -, que abriga um grande número de comunidades indígenas do país.

O Paraguai enfrenta o desafio de minimizar o impacto ambiental do desenvolvimento em larga escala que, mais cedo ou mais tarde, chegará ao Chaco, disse Yan Speranza, diretor executivo da Fundação Moises Bertoni, que administra cerca de 70 mil hectares de reservas naturais privadas no país.

“Nossa regulamentação ambiental é muito boa em termos gerais”, disse. “O grande problema é sempre a capacidade do estado de fazer cumprir a lei. A falta de capacidade de fiscalização preocupa.”

Obras públicas

Os planos do governo fazem parte de um programa mais amplo de infraestrutura que inclui mais de US$ 6,8 bilhões para projetos de estradas, água e resíduos. As obras públicas podem representar uma necessidade vital para uma economia que se desacelerou devido ao fraco crescimento de países vizinhos como Brasil e Argentina.

O banco central sinalizou que pode reduzir a previsão de crescimento para 2019, atualmente de 3,2%, quando atualizar as projeções para a economia em 25 de julho.

Nos próximos 12 meses, o governo planeja oferecer pelo menos US$ 1,2 bilhão em parcerias público-privadas e os chamados projetos “turnkey”(pacote completo de soluções e serviços), como dois trechos do Corredor Bioceânico, e que podem buscar financiamento nos mercados globais de capital, disse.

Investidores estrangeiros já sinalizaram disposição de investir no setor de infraestrutura paraguaio. O consórcio responsável pela construção do primeiro trecho do Corredor Bioceânico levantou US$ 450 milhões em uma venda global de títulos em maio, enquanto uma oferta de US$ 250 milhões no mês que vem financiará parte da expansão das Rodovias 2 e 7 no sul do Paraguai, em um contrato de parceria público-privada.