Paraguai busca, pelo menos, US$ 500 milhões de estrangeiros para enfrentar coronavírus
O governo do Paraguai planeja acessar os US$ 1,6 bilhão autorizados sob a lei de financiamento de emergência. Pelo menos um terço do total deve vir dos mercados globais de dívida, de acordo com o ministro da Fazenda, Benigno López.
O ministério está em negociação com o banco de desenvolvimento da América Latina CAF, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento e planeja vender títulos no país e no exterior, disse.
“Estamos preparando uma emissão de dívida nos mercados internacionais. Serão pelo menos US$ 500 milhões”, disse López em entrevista por telefone de Assunção. Ele não quis dar detalhes sobre o prazo e termos dos títulos.
O Paraguai seria o terceiro país latino-americano a explorar os mercados globais de dívida desde o surgimento da pandemia de coronavírus, seguindo os passos do Peru e do Panamá.
A economia do Paraguai, que se apoia no setor agrícola, deve sofrer menos com a pandemia do que outros países da região. Segundo o Fundo Monetário Internacional, o PIB do Paraguai deve encolher 1% neste ano em comparação com uma retração de 5% no continente.
O governo não tem planos de gastar toda a quantia de US$ 1,6 bilhão, mas quer ter liquidez disponível se necessário, disse López.
O valor deve ser suficiente para financiar a resposta do coronavírus do Paraguai até o fim de maio, quando a economia deve ser retomada, disse. O governo pretende começar a diminuir gradualmente as restrições nas próximas semanas, afirmou.
Grandes déficits
Quase 25% dos 7 milhões de paraguaios estão recebendo ajuda do governo em meio ao confinamento obrigatório que reduziu a renda e eliminou empregos.
Mas, por enquanto, o país conseguiu evitar um surto desastroso de coronavírus. O vírus infectou pelo menos 208 pessoas e matou oito no país, segundo dados compilados pelo Ministério da Saúde.
López disse que o governo implementou estímulos fiscais e monetários, equivalentes a aproximadamente 8% do PIB, na tentativa de amenizar as consequências da pandemia.
Um aumento dos gastos e a queda na receita tributária provavelmente resultarão em déficit fiscal de 5% a 6% do PIB neste ano. O governo deve levar pelo menos três anos para voltar ao limite de 1,5% antes da crise, disse o ministro.
Lopez está otimista de que a pandemia irá reforçar o apoio político para drásticas mudanças dos custos e eficiência do governo do Paraguai.
Tudo caminha para que a legislação das reformas seja aprovada no Congresso neste ano e entre em vigor em 2021, afirmou.