Economia

Para trazer inflação de volta à meta, taxa de juros brasileira deveria ser de pelo menos 11,50%, afirma Itaú BBA; entenda

13 jul 2024, 11:00 - atualizado em 12 jul 2024, 14:32
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Projeções para a inflação incorporam efeitos de um câmbio mais depreciado e o recente reajuste da gasolina pela Petrobras (Imagem: Getty Images)

O Itaú BBA, em relatório assinado pelo economista-chefe Mario Mesquita, estima que para trazer a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de volta à meta, seria necessária uma taxa de juros de 11,50%, pelo menos. A simulação leva em consideração uma taxa Selic constante em 10,50%, câmbio em R$ 5,70 e expectativas para 2025 e 2026 sem deterioração adicional.

“Dessa forma, entendemos que a atual precificação dos contratos de juros futuros, que embutem a possibilidade elevação da taxa Selic nas próximas decisões de política monetária, reflete ao menos parcialmente um risco real”, afirma o relatório, complementando que a projeção de inflação em 3,3% não deveria ser descrita como “em torno da meta”.

Atualmente, a inflação brasileira em 12 meses é de 4,23% e a meta para a taxa é de 3%, com um intervalo de tolerância de aproximadamente 1,5 ponto percentual, segundo o Banco Central.

O relatório também defende que as iniciativas de economias de gastos, com a expectativa de um bloqueio de despesas de pelo menos R$ 20 bilhões, são fundamentais, citando como medidas de curto prazo para o controle o corte de despesas discricionárias (não obrigatórias) e a revisão de irregularidades no Bolsa Família.

Segundo o Itaú, “entretanto, visando uma sinalização forte do compromisso do governo com o limite de crescimento real de despesas de 2,5% do arcabouço fiscal, seria importante o anúncio de medidas estruturais para dar sustentabilidade e corrigir distorções e possíveis irregularidades do gasto público”.

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Câmbio e alta da gasolina aumentam pessimismo para inflação brasileira

A expectativa para a inflação foi alterada. Tanto para 2024 quanto para 2025, a projeção é de uma inflação a 4,0%, passando de anteriores 3,8% e 3,7%, respectivamente.

Por trás da perspectiva, está a incorporação dos efeitos de um câmbio mais depreciado sobre alimentos e bens industriais e o reajuste recente da gasolina. Recentemente, a Petrobras (PETR4) anunciou o primeiro reajuste no preço da gasolina desde que Magda Chambriard tornou-se CEO, com o litro do combustível passando por um reajuste de 7,11%, a R$ 3,01.

Para a taxa de câmbio, as projeções do Itaú BBA passaram de R$ 5,15 para R$ 5,30 por dólar em 2024 e de R$ 5,25 para R$ 5,40 por dólar em 2025.

A moeda norte-americana também foi destaque no noticiário econômico recente, após superar o patamar dos R$ 5,70 no começo de julho. A alta incorporou temores com relação ao cenário fiscal brasileiro e as relações conflituosas entre os presidentes do Banco Central, Roberto Campos Neto, e da República, Luiz Inácio Lula da Silva.