Comprar ou vender?

Para Safra, foi bom Sabesp perder o leilão de Alagoas

01 out 2020, 14:57 - atualizado em 01 out 2020, 15:06
Caminhão da Sabesp
Para o analista Daniel Travitzky, não está claro se a empresa poderia operar com eficiência regiões alternativas (Imagem: Facebook/Divulgação/Sabesp)

O leilão para conceder os serviços de água e esgoto da região metropolitana de Maceió marcou o início das privatizações dos serviços de saneamento, consequência direta do marco do saneamento aprovado pelo Senado no final de junho.

Com isso, as empresas começam a se movimentar. A Sabesp (SBSP3) foi uma delas: apresentou proposta junto com a Iguá Saneamento e ficou em segundo lugar, oferecendo R$ 1,478 bilhão, 35% menor que a proposta ganhadora.

Apesar disso, o movimento não foi visto com bons olhos pela equipe do BTG Pactual.

Para o analista Daniel Travitzky, não está claro se a empresa poderia operar com eficiência regiões alternativas. Ele lembra que a companhia ainda precisa investir em sua própria área de concessão.

“Não vemos grandes implicações do leilão para o processo de privatização da Sabesp”, completa.

E a Equatorial?

Outra que também entrou na disputa foi a Equatorial (EQTL3), que ofereceu outorga de R$ 1,29 bilhão. Segundo o analista, a empresa manterá sua estratégia de entrada no setor de saneamento.

“A Equatorial poderá considerar o estabelecimento de parcerias com outras empresas, a fim de competir nas próximas oportunidades”, diz.

Primeiro lugar

Na visão do BTG, a BRK Ambiental, companhia que não possui ações negociadas na Bolsa, é uma das poucas empresas privadas operando o segmento de saneamento no Brasil com uma operação eficiente.

“Nós gostaríamos de aguardar mais o desenvolvimento do projeto para tirar as conclusões finais no retorno das cotações”, disse.

A empresa, que tem entre os seus investidores a canadense Brookfield, surpreendeu oferecendo outorga de R$ 2 bilhões para vencer o leilão. O mínimo definido no edital era de cerca de R$ 15 milhões.

Na pauta de privatizações do BNDES no setor está a companhia fluminense Cedae (Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil)

O montante pegou de surpresa até os envolvidos no processo, como o BNDES e o governador de Alagoas, Renan Filho.

“Estávamos preparados para um outorga menor”, disse, adicionando que o Estado agora terá mais recursos que o esperado antes para investir em saneamento no interior.

O leilão foi visto como um “test drive” para o marco do saneamento, que promete garantir a 99% da população brasileira acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto até o ano de 2033.

Próximos leilões

Na pauta de privatizações do BNDES no setor está a companhia fluminense Cedae, cujo processo tem sido alvo de disputas judiciais e indefinição do governo.

O diretor de infraestrutura do BNDES, Fabio Abrahão, afirmou que o banco de fomento está “preparado tecnicamente” para o leilão até o fim deste ano.