Para Safra, foi bom Sabesp perder o leilão de Alagoas
O leilão para conceder os serviços de água e esgoto da região metropolitana de Maceió marcou o início das privatizações dos serviços de saneamento, consequência direta do marco do saneamento aprovado pelo Senado no final de junho.
Com isso, as empresas começam a se movimentar. A Sabesp (SBSP3) foi uma delas: apresentou proposta junto com a Iguá Saneamento e ficou em segundo lugar, oferecendo R$ 1,478 bilhão, 35% menor que a proposta ganhadora.
Apesar disso, o movimento não foi visto com bons olhos pela equipe do BTG Pactual.
Para o analista Daniel Travitzky, não está claro se a empresa poderia operar com eficiência regiões alternativas. Ele lembra que a companhia ainda precisa investir em sua própria área de concessão.
“Não vemos grandes implicações do leilão para o processo de privatização da Sabesp”, completa.
E a Equatorial?
Outra que também entrou na disputa foi a Equatorial (EQTL3), que ofereceu outorga de R$ 1,29 bilhão. Segundo o analista, a empresa manterá sua estratégia de entrada no setor de saneamento.
“A Equatorial poderá considerar o estabelecimento de parcerias com outras empresas, a fim de competir nas próximas oportunidades”, diz.
Primeiro lugar
Na visão do BTG, a BRK Ambiental, companhia que não possui ações negociadas na Bolsa, é uma das poucas empresas privadas operando o segmento de saneamento no Brasil com uma operação eficiente.
“Nós gostaríamos de aguardar mais o desenvolvimento do projeto para tirar as conclusões finais no retorno das cotações”, disse.
A empresa, que tem entre os seus investidores a canadense Brookfield, surpreendeu oferecendo outorga de R$ 2 bilhões para vencer o leilão. O mínimo definido no edital era de cerca de R$ 15 milhões.
O montante pegou de surpresa até os envolvidos no processo, como o BNDES e o governador de Alagoas, Renan Filho.
“Estávamos preparados para um outorga menor”, disse, adicionando que o Estado agora terá mais recursos que o esperado antes para investir em saneamento no interior.
O leilão foi visto como um “test drive” para o marco do saneamento, que promete garantir a 99% da população brasileira acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto até o ano de 2033.
Próximos leilões
Na pauta de privatizações do BNDES no setor está a companhia fluminense Cedae, cujo processo tem sido alvo de disputas judiciais e indefinição do governo.
O diretor de infraestrutura do BNDES, Fabio Abrahão, afirmou que o banco de fomento está “preparado tecnicamente” para o leilão até o fim deste ano.