Economia

Para onde vai a Selic? Veja a opinião de economistas do mercado

28 out 2020, 20:45 - atualizado em 28 out 2020, 22:15
Banco Central
Em seu comunicado, o Copom reconheceu uma pressão inflacionária mais forte no curto prazo (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

O Banco Central manteve nesta quarta-feira a Selic em sua mínima histórica, de 2% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado.

Em seu comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) reconheceu uma pressão inflacionária mais forte no curto prazo, mas manteve sua mensagem de orientação futura (forward guidance), bem como a porta aberta para eventual corte da Selic posteriormente.

Veja comentários de profissionais do mercado financeiro:

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Thomaz Sarquis, Economista, Eleven Financial Research

“Acho que a maior surpresa do comunicado foi ele ter mantido a visão muito similar a que tinha em setembro, mesmo com mudanças na minha visão bastante significativas na conjuntura econômica. Nos últimos meses, a gente teve uma aceleração inflacionária bastante significativa, advinda de uma alta de alimentos, de bens industriais, e essas altas assustaram parte do mercado. A curva de juros teve um comportamento bastante volátil, hoje é um exemplo muito evidente disso, o câmbio se depreciou de forma significativa, e as expectativas do Focus começaram a inclinar para cima para o horizonte relevante, e mesmo assim o Banco Central manteve uma intenção de continuar com o processo de corte de juros, simplesmente esperando uma janela de conjuntura para que isso aconteça. E é nesse ponto que eu discordo muito.”

João Maurício Rosal, Economista-Chefe, Guide Investimentos

“O forward guidance veio basicamente inalterado, a partir de uma análise do Comitê de que os determinantes que estão por detrás dele se mantiveram inalterados, inclusive mantendo aberta a possibilidade de alguns ajustes adicionais, residuais, para baixo da taxa. Então eu acho que isso, em linhas gerais, veio um pouco mais suave do que o mercado esperava no sentido de que (o mercado) esperava certos ajustes quanto a esses determinantes que pudessem sinalizar, pelo menos, fechar a porta para cortes adicionais.

Acho que isso surpreendeu, mas não a mim, eu compartilho da visão que esse choque inflacionário é de curto prazo, em larga medida, e que o Banco Central tem que ter sangue frio, e isso é o que ele demonstrou.”

Paloma Brum, Economista, Toro Investimentos

“De uma forma geral, o Comitê mostrou que a situação econômica, a situação fiscal no Brasil, segue da mesma forma que na reunião anterior, sem novidades, e que a inflação está sob controle, dentro da faixa da meta, então ele se sente confortável para manter os juros nesse patamar (2%). O Comitê também acabou adotando um tom ‘dovish’ na sua mensagem, dizendo que entende que a conjuntura econômica continua a demandar estímulo monetário, extraordinariamente elevado, mas que o Comitê reconhece que, conforme rege a prudência e a estabilidade financeira, o espaço que resta para utilizar a política monetária, se houver, deve ser pequeno. (O BC) Acabou adotando um tom ‘dovish’, deixando um espaço, um possível espaço aberto, para um novo corte de juros, caso isso seja necessário.”