Economia

Para onde vai o dólar? Veja o que está pesando no câmbio

19 abr 2024, 16:19 - atualizado em 19 abr 2024, 16:22
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Veja a previsão sobre a movimentação do dólar (Imagem: REUTERS/Sukree Sukplang)

No início da semana, após o ataque do Irã contra Israel, o preço do dólar disparou em meio ao cenário de tensões geopolíticas. A alta da moeda americana chegou a R$ 5,28, refletindo o fortalecimento da moeda americana em relação a outras moedas. 

Além disso, esse movimento é impulsionado pelos juros mais altos nos Estados Unidos, o que torna o país mais atrativo para investimentos de capital. Além do dólar, também o mercado está observando um fortalecimento do ouro, influenciado pelas ações do Banco Popular da China.

De acordo com, William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, há dois fatores que explicam a alta do dólar; fator externo e interno. “O fator importante e externo, deriva da força da economia americana, com os dados mais fortes que esperados que movimentaram as expectativas de juros”.

Recentemente, Jerome Powell mencionou que levará mais tempo para o Federal Reserve ganhar confiança de que a inflação está convergindo de forma sustentável para a meta de 2%. Ou seja, é esperado que as taxas de juros permaneçam altas por mais tempo.

Dessa forma, os dados mais fortes de inflação, mercado de trabalho e economia movimentaram as expectativas de juros, levando as Treasuries de 10 anos a novas máximas. William destaca que esse movimento de alta do dólar não é só em relação ao real, e também ao peso chileno, colombiano, mexicano, o rand sul-africano, entre outras moedas de países emergentes.

Outro fator externo que corrobora para a alta da moeda americana são os conflitos internacionais. “Esse aquecimento das tensões entre Israel e Irã, especialmente depois do ataque via drones no final de semana, acabou elevando ainda mais a perspectiva aversão há risco em contexto global”, afirma. 

Qual a previsão para o dólar?

O estrategista destaca que o fator interno para a movimentação em alta do dólar se dá pela grande participação do governo brasileiro em diferentes esferas econômicas. Tudo isso cria um cenário de maior percepção de risco, o que não é bom para a moeda”.

Além disso, William traz como exemplo o anúncio da mudança na lei de diretrizes orçamentárias, o que é uma deterioração das contas e relativização no arcabouço fiscal em primeiro ano de sua criação.

Vale lembrar que no início da semana, o governo confirmou mudanças na meta fiscal de ano que vem. O projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, encaminhado ao Congresso, prevê déficit primário zero.

Nas regras originais do arcabouço fiscal, aprovado no ano passado, foi determinado um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, com intervalo de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para cima ou para baixo. Além disso, a meta de 2026 foi alterada de superávit de 1% para 0,25% do PIB.

Por fim, os Estados Unidos não demostraram uma diminuição na taxa de juros, também ocasionando o movimento de alta, visto que a Selic continua na sua trajetória de queda. “Isso diminui o diferencial de juros entre Estados Unidos e Brasil”, completa William Castro.

Para o estrategista-chefe da Avenue, é possível traçar uma previsão para o dólar. Segundo ele, os movimentos do dólar são muito fortes, “sobem de elevador e descem de escada”. Com isso, ressalta que neste momento, com a aversão a risco no mercado global, o dólar deve permanecer em alta.

Vale um adendo de que, nesta sexta-feira, o dólar virou e deu uma trégua. A moeda americana chegou a cair 1,17%, por volta das 15h11, atingindo a mínima de R$ 5,1881.

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