Para Itaú, taxa de juros em nível contracionista é necessária; entenda
De acordo com um estudo realizado pelo Itaú, assinado por Julia Gottlieb, Natalia Cotarelli e Julia Passabom, as expectativas para a inflação exercem um papel crucial na dinâmica dela nos seis trimestres à frente da política monetária.
Ainda, choques nas expectativas de inflação demoram a se dissipar. Segundo a instituição, “um choque de 50 pontos-base nas projeções de inflação por um trimestre resulta em um aumento de 36 pontos-base na inflação prospectiva ao longo dos seis trimestres seguintes”.
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A análise cita as projeções inflacionárias realizadas pela pesquisa Focus, que estão descoladas da meta de 3% há alguns trimestres, com projeções acima deste dado.
A ata do Copom, publicada nesta terça-feira (26), mostra que o Comitê de Política Monetária tem projeções da inflação de 3,5% para 2024 e 3,2% para 2025.
Itaú faz apostas para taxa de juros
Considerando os choques de expectativas, “aplicando ao contexto atual, onde as expectativas se encontram 50 pontos-base acima da meta, isso significa que é difícil que elas retornem para os 3% rapidamente”.
Outro impacto vai para a inflação de preços livres em períodos subsequentes, caso as esperanças sejam de um dado elevado por muito tempo, que altera a dinâmica de formação de preços e leva a um dado consistentemente acima da meta.
Para o Itaú, é necessário que a autoridade monetária não seja resignada. Pelo contrário: “com desancoragem persistente, é necessário manter a taxa de juros em nível contracionista por mais tempo para que a inflação convirja para a meta”.
A projeção realizada pela análise é de uma taxa Selic em 9,25% ao fim do ciclo, acima do nível neutro estimado internamente entre 7,5% e 8%.
Atualmente, a Selic está em uma taxa de 10,75% ao ano, após passar pelo sexto corte de 0,50 ponto percentual.