Para gourmets bem de vida, azeite brasileiro já quebra a resistência que o vinho vem tentando
A diminuta e jovem produção nacional de azeite guarda uma semelhança e uma diferença com a muito mais volumosa e longeva de vinhos tintos.
Está oferecendo produtos elaborados a níveis de países mediterrâneos e conquistando prêmios internacionais – como o gaúcho Potenza Blend e o paulista Sabiá Blend Especial -, que podem ajudar o consumidor a testar a experiência deixando de lado a percepção custo-benefício na relação com o importado, puxando o setor como um todo.
Segundo especialistas, algumas premiações reconhecidas mundialmente têm ajudado o tinto nacional sair da zona de comparação quando bate nos R$ 100 a garrafa, por exemplo, o que faz os consumidores medianos optarem pelo importado argentino ou chileno – mais próximos desses valores – por possuírem maior tradição.
A diferença do azeite é que a vitivinicultura está desenvolvida desde o início do século XX e a produção de cabernet, malbec, merlot e syrah (de menor volume) de classe tem aproximadamente duas dezenas de anos.
O setor ficou preso à condição de produção comercial de baixo custo e qualidade duvidosa, salvo ilhas de tradição no Rio Grande do Sul que ainda não possuíam escala produtiva.
Já a olivicultura ainda engatinha, na produção de azeitonas, na pesquisa e no produto final, mas procura já se situar no nicho de produtos premiuns.
Por um lado, porque que a maior parte da produção ainda se situa no nível do artesanal, o que favorece a produção mais dedicada enquanto cresce o nível de conhecimento adquirido na cadeia, das azeitonas mais adaptadas à formação de mestres de lagar (nome histórico que designa as instalações de extração na Europa). Assolive, que reúne produtores mineiros, está em uma dessas frentes de apoio ao desenvolvimento.
Maturação produtiva
E por outro, dada a bem menor disponibilidade de terras e climas propícios para a plantação de oliveiras, que, ainda por cima, levam alguns anos para se tornarem produtivas. A pequena fronteira agrícola sempre será fator limitante à larga escala produtiva.
Desse modo, nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, entre o Sul de Minas – onde o centro produtivo mais conhecido é em torno de Maria da Fé -, e uma pequena parte de São Paulo, e nas colinas suaves da Serra dos Tapes e de Encruzilhada do Sul, no Rio Grande do Sul, os produtores buscam seu espaço.
De lá saíram, respectivamente, o Sabiá Blend Especial, da Fazenda Campo Alto, na paulista Santo Antônio do Pinhal, que ficou em 10º lugar na premiação espanhola Evooleum Awards, e o mais recente Potenza Blend, da Fazenda Serra do Tapes, medalha de ouro no Concurso Mundial de Azeites, de Nova York.
Ambos, como as outras marcas, acima de R$ 80 a garrafa, em um mercado que consome 70 milhões de litros por ano e importa 98%, conta a Embrapa. É o segundo maior importador mundial, mas com índices insignificantes de consumo no rateio proporcional de uma população pobre.
Daí, igual ao vinho de categoria, a quebra da imagem de que pelo preço é melhor comprar o importado, ainda vai levar muito mais tempo para sair do nicho de apreciadores bem de vida, que vão encontrar essas marcas de azeite brasileiro em lojas especializadas e empórios gourmets.
Entregar qualidade, entregam pelo menos.
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