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Para Goldman, “choque no crescimento” abala mercado acionário

29 jan 2022, 19:00 - atualizado em 29 jan 2022, 0:53
Wall Street
A recuperação econômica pós-pandemia já passou do pico e os bancos centrais estão prestes a fechar as torneiras de liquidez (Imagem: Pixabay)

O risco para o mercado acionário dos EUA causado por um “choque no crescimento” vem aumentando, alertam estrategistas do Goldman Sachs.

Os estrategistas advertem que um forte aperto monetário para controlar a inflação pode ter efeitos indiretos sobre a atividade econômica, prejudicando as ações.

“Existe o risco de um choque nos juros desencadear um choque no crescimento”, escreveram Christian Mueller-Glissmann e colegas em relatório divulgado após pregões dramáticos nas bolsas da Europa e dos EUA na segunda-feira. “Esse risco parece maior porque as pressões inflacionárias são as maiores desde a década de 1980.”

As apostas em uma postura mais agressiva do Federal Reserve provocaram perdas nas bolsas nos dois lados do Atlântico neste mês e um afastamento de ações caras, avaliadas pelas expectativas de crescimento futuro.

A recuperação econômica pós-pandemia já passou do pico e os bancos centrais estão prestes a fechar as torneiras de liquidez. Com isso, as empresas se mostram mais cautelosas em relação aos próximos meses, reforçando sinais de que a rápida expansão dos lucros que embalou as bolsas pode estar terminando.

Estrategistas do BlackRock Investment Institute alertaram na segunda-feira que “a política monetária não pode estabilizar inflação e crescimento: tem que escolher entre os dois”. Eventualmente, os bancos centrais precisarão conviver com preços mais altos, diante do custo que a supressão da inflação impõe ao crescimento econômico, afirmaram os estrategistas liderados por Jean Boivin em nota.

Para Max Kettner, estrategista do HSBC Holdings, os mercados ainda estão muito focados nos juros e não estão suficientemente preocupados com as perspectivas de crescimento econômico.

“Ao longo do primeiro semestre, ficará cada vez mais claro que o ímpeto de crescimento se desacelerou substancialmente e isso não é bom para ativos de risco”, afirmou Kettner. A desaceleração “pode esfriar as expectativas de aumento dos juros, mas classes de ativos cíclicos não vão gostar disso”.