Para ex-firma de Mobius, era dos gurus de investimento acabou
Ter um gestor de fundos renomado na equipe é uma maneira fácil de atrair dinheiro de clientes. Mas para a CEO da Franklin Resources, essa vantagem deixa de valer a pena por causa dos problemas que essas pessoas causam quando deixam a organização.
“Os clientes ficam nervosos quando um gestor estrela é nomeado porque vira um problema de sucessão”, disse Jenny Johnson em entrevista ao programa Front Row, da Bloomberg.
A Franklin entende isso na prática. Seu fundo Franklin Templeton já foi sinônimo de Mark Mobius, o guru que apresentou os mercados emergentes a uma geração de investidores. Mobius se aposentou da Templeton em 2018 e abriu sua própria firma meses depois.
Mas segundo Johnson, uma pessoa não toma todas as decisões de investimento. “A realidade é que sempre foram apoiados por uma equipe grande.”
A Franklin, fundada pelo avô dela em Nova York em 1947, não é exceção. A dificuldade de superar o desempenho do mercado de forma consistente por um longo período, agravada pela ascensão dos fundos de índice de baixo custo, deixou poucos gestores na indústria de fundos mútuos com status comparável ao de gigantes de outrora como Peter Lynch, da Fidelity Investments; Bill Gross, da Pimco; ou Bill Miller, da Legg Mason.
Em um sinal dos tempos, Miller deixou a Legg em 2016 para iniciar seu próprio fundo de hedge e a firma onde fez seu nome foi comprada pela Franklin este ano.
“É preciso mostrar valor”, disse Johnson, 56 anos. “As pessoas gostam de entender a força da equipe versus a de um único indivíduo tomando todas as decisões”, disse a executiva à Bloomberg News durante uma entrevista que abordou diversos temas. Estes foram alguns destaques.
Discriminação racial
Um vídeo de uma executiva da Franklin Templeton, Amy Cooper, brigando com um homem negro no Central Park viralizou em maio.
Cooper chamou a polícia e disse que estava sendo ameaçada por um negro. Ela foi despedida quase imediatamente. Johnson diz ter certeza do acerto dessa decisão. “Desde o topo da instituição, é preciso se comportar de certa maneira e mostrar tolerância zero para qualquer tipo de racismo ou discriminação”, afirmou.
Gestão ativa ou passiva de investimentos
Durante a última década, os investidores cada vez mais escolheram fundos passivos em detrimento das aplicações de gestão ativa diante da alta consistente das bolsas, em parte devido às políticas dos bancos centrais. I
sso levou ao questionamento das perspectivas de gestoras de fundos como a Franklin, sediada em San Mateo, Califórnia.
Johnson, no entanto, está otimista por enxergar oportunidade para agregar valor em áreas que exigem conhecimento mais profundo, como biotecnologia, e incorporar a ciência de dados à seleção de valores mobiliários.
“Não há lance de compra no modelo passivo quando o mercado cai”, disse ela. “A gestão ativa vai brilhar porque a próxima década será bem diferente da última.”