Agronegócio

Para evitar desperdício, agricultores começam a realizar vendas diretas

03 jun 2020, 15:35 - atualizado em 03 jun 2020, 15:35
Porcos-China-Suínos
As soluções alternativas podem limitar parte do desperdício acumulado (Imagem: REUTERS/Stringer)

Gargalos nas cadeias de suprimentos deixaram agricultores de vários países com grandes quantidades de alimentos desperdiçados.

Diante da perspectiva de arar campos e sacrificar porcos, alguns agricultores, como Clint e Shelly Pinkelman, tentam mitigar as perdas com vendas diretas aos consumidores.

Quando surtos de coronavírus fecharam unidades da Smithfield Foods, Shelly entrou em ação. Ela garantiu vendas para sua pequena fazenda no Nebraska por meio de uma rede de amigos e familiares e contatou processadores de carne que podem manejar animais individualmente.

Cerca de 300 dos 600 suínos prontos para o mercado foram vendidos, disse Clint, e muitos deles conseguiram preços acima do mercado.

“Tivemos pessoas que entraram em contato conosco para nossos suínos do Colorado, oeste do Nebraska, Dakota do Sul, e dissemos: ‘Escutem, existem outros criadores de porcos como nós. Entrem em contato com produtores locais e ajudem, não somos os únicos que estão sofrendo”, disse.

É uma cena que, de várias formas, tem ocorrido no mundo todo: produtores de melancia indianos estão carregando tratores para vender frutas em vilas próximas; atacadistas do Reino Unido redirecionam suprimentos que restaurantes não querem mais; produtores de mirtilo da Flórida montam barracas na estrada.

As soluções alternativas podem limitar parte do desperdício acumulado. Com problemas de transporte, restrições de mão de obra, fechamento de restaurantes e de fábricas, agricultores foram obrigados a esmagar ovos, jogar leite fora e abater porcos.

Embora seja improvável que as vendas diretas ao consumidor recuperem as perdas, podem pelo menos aliviar a situação e criar uma avenida para consumidores quando supermercados têm dificuldade em manter as prateleiras estocadas.

Para alguns agricultores, especialmente de países em desenvolvimento, onde as cadeias de suprimentos podem ser frágeis mesmo em tempos normais, as mudanças têm potencial de durar além da pandemia. Startups têm criado mercados on-line para ajudar a conectar produtores e compradores, e agricultores estão em listas de espera para serem adicionados, mesmo depois do fim das medidas de isolamento.

Na Índia, a startup Ninjacart compra diretamente de agricultores e vende para varejistas e restaurantes. Produtores têm buscado vários canais para se conectar com clientes, disse o cofundador Vasudevan Chinnathambi.

A empresa adicionou recentemente 120 agricultores à plataforma e tem uma “enorme carteira de pedidos” de outros esperando para serem incluídos.

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