Internacional

Para elite de Hong Kong, EUA não são primeira rota de fuga

09 out 2019, 8:25 - atualizado em 09 out 2019, 8:25
Hong Kong Protestos
As manifestações, que colocam questões fundamentais sobre o futuro de Hong Kong, se intensificaram este mês (Imagem: Chan Long Hei/Bloomberg)

Com a escalada dos protestos em Hong Kong em meados do ano, o advogado Bernard Wolfsdorf, de Los Angeles, antecipava “uma nova onda de imigração” para os Estados Unidos. Por isso, viajou para a China e se encontrou com consultores regionais de imigração. Nas conversas, lhe disseram para não se animar muito.

“O que eu ouvi é que, embora muitos estejam saindo de Hong Kong, os EUA não são o destino número um”, disse Wolfsdorf. “Os EUA simplesmente não são vistos como a opção mais desejável atualmente.”

Quando as coisas vão mal em algum canto do planeta, os EUA tradicionalmente são vistos como uma ilha segura, particularmente para os mais ricos.

Os EUA já abrigam mais cidadãos de Hong Kong do que qualquer país fora da China continental, e dados recentes sugerem que mais pessoas querem sair. Os pedidos de um documento importante de emigração, o chamado “cartão de boa cidadania”, aumentaram 54% nos últimos 12 meses, segundo dados oficiais.

Mas a retórica política contra a imigração, a incidência de violência de armas e mudanças iminentes no programa “visto de investidor” dos EUA incentivam emigrantes de Hong Kong a considerar alternativas como Austrália, Canadá, Cingapura e Taiwan.

As manifestações, que colocam questões fundamentais sobre o futuro de Hong Kong, se intensificaram este mês. Dois adolescentes foram baleados enquanto manifestantes enfrentavam a polícia. E, pela primeira vez em mais de meio século, o governo usou uma lei de emergência para proibir máscaras.

Mesmo antes do início dos protestos, os EUA já estavam perdendo o brilho. Em pesquisa realizada em dezembro pela Universidade Chinesa de Hong Kong, um terço dos cidadãos da cidade disse que pensava em deixar o território.

Nesse grupo, os destinos mais populares eram Canadá e Austrália, com pelo menos 18% da preferência dos entrevistados para cada país, seguidos por Taiwan, com 11%, e Cingapura, com 5%. Os EUA seriam o principal destino para apenas 2,9%.

Austrália figura entre os principais destinos da elite de Hong Kong com a escalada de protestos no território sem-autônomo chinês (Pixabay)

A Austrália é a favorita dos clientes de John Hu, fundador e consultor-chefe da John Hu Migration Consulting, em Hong Kong. As vantagens incluem uma pequena diferença de horário com a China e clima ameno.

O Canadá também é popular, disse Hu, especialmente para clientes que desejam morar perto de parentes que migraram anteriormente.

O Canadá registrou no ano passado seu maior afluxo de imigrantes desde 1913. Sob o comando do primeiro-ministro Justin Trudeau, o país tem atraído imigrantes em massa.

O programa Global Skills Strategy, por exemplo, que oferece vistos de trabalho temporários para candidatos em menos de duas semanas, atraiu cerca de 40 mil trabalhadores e familiares nos últimos dois anos.

Laços familiares aumentam o apelo dos EUA. O mesmo acontece com o programa de visto de investidor EB-5, que oferece residência a qualquer pessoa disposta a fazer um investimento de US$ 500 mil em um negócio ou outro projeto que gere empregos.

Os pedidos de cidadãos de Hong Kong são processados separadamente dos investidores do continente, o que significa uma aprovação rápida ou com pouca espera.

Mas o preço desse visto está prestes a subir. A partir de 21 de novembro, o investimento mínimo sobe para US$ 900 mil como parte de uma revisão do programa EB-5.

A espera estimada para o processamento de vistos de investidores é de pelo menos 28,5 meses, de acordo com o Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA.

“O EB-5 provavelmente não é uma resposta para pessoas em Hong Kong que precisam de uma estratégia de saída rápida”, disse H. Ronald Klasko, da Klasko Immigration Law Partners, em Filadélfia.

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