Internacional

Para economistas, juros na Europa estão definidos por 3 anos

18 out 2019, 11:16 - atualizado em 18 out 2019, 11:16
BCE Banco Central Europeu
Para a maioria dos entrevistados, o BCE não aumentará as taxas de juros até o final de 2022 (Imagem: Reuters/Kai Pfaffenbach)

O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, definiu a política monetária pelos próximos três anos, mas deixará várias tarefas complicadas para a sucessora dele, de acordo com pesquisa da Bloomberg com economistas.

Para a maioria dos entrevistados, o BCE não aumentará as taxas de juros até o final de 2022 e as compras de ativos terminarão uns três meses antes disso. Todos os participantes preveem manutenção da política monetária atual na reunião de 24 de outubro, após o grande impulso decidido em setembro.

Christine Lagarde, que comandava o Fundo Monetário Internacional, assumirá o cargo de Draghi no final do mês. A expectativa é que ela reescreva as regras para compras de ativos e ajuste o compromisso de manter os juros baixos até que a inflação esteja firmemente alinhada com a meta do BCE. Ela também tentará convencer os governos a intensificar os estímulos fiscais.

“Estamos realmente esperando que o banco central peça que os governos gastem, que ajudem e trabalhem juntos”, disse Karen Ward, estrategista-chefe de mercados para Europa, Oriente Médio e África na JPMorgan Asset Management, em entrevista à Bloomberg Television. “Todos nós sabemos que a caixa de ferramentas do BCE está bem vazia.”

BCE
(Imagem: Bloomberg)

O que dizem os economistas da Bloomberg

“Draghi deve reiterar — se não intensificar — os pedidos para a política fiscal desempenhar um papel maior… É improvável que surjam mais detalhes sobre política monetária. Draghi sai com questões inacabadas no programa de estímulo, mas a sucessora dele, Christine Lagarde, terá que presidir os debates remanescentes sobre compras de ativos.” — David Powell e Maeva Cousin

Os economistas estimam que o BCE tenha cerca de 320 bilhões de euros (US$ 356 bilhões) para compras, após acumular 2,6 trilhões de euros em dívidas. Segundo o cálculo mais simples, presumindo um ritmo mensal de compras de 20 bilhões de euros e uma gama estável de ativos elegíveis, as autoridades ficarão sem munição no início de 2021.

Os entrevistados esperam alteração nas regras de compra de ativos até setembro. No passado, não foram aceitas nas discussões ideias sobre elevar limites de compra de títulos específicos ou mexer na distribuição de compras de ativos por país.

A expectativa é que a sinalização futura do BCE mude no início de 2021, mas uma piora da perspectiva econômica pode obrigar autoridades a agir muito antes. Na terça-feira, o FMI baixou a estimativa de crescimento para a zona do euro para apenas 1,4% no ano que vem.

Novas previsões serão apresentadas em dezembro, incluindo as primeiras estimativas para 2022. Na visão dos economistas, riscos como a tensão comercial e o Brexit recuaram um pouco desde a sondagem anterior, porém as novas projeções ainda estarão sujeitas a bastante incerteza, intensificando a necessidade de apoio governamental para sustentar o crescimento econômico.

A inflação em 12 meses está em torno de 1%, praticamente metade da meta do BCE. Nesta semana, o responsável pelo banco central austríaco, Robert Holzmann, sugeriu reduzir a meta, questionando a justificativa para um enorme esforço monetário que pode entregar apenas um pequeno impulso.

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