Comprar ou vender?

Para dividendos, qual é melhor: Petrobras (PETR4) ou Vale (VALE3)?

29 jul 2022, 16:17 - atualizado em 30 jul 2022, 1:09
Vale e Petrobras
Vale e Petrobras divulgaram resultados fortes na última quinta, mas qual tem maior potencial de alta?  (Imagem: Reuters)

A estratégia de lucrar com dividendos na bolsa permanece mais viva do que nunca. Quem possui ações da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), por exemplo, embolsou quase R$ 10 de dividendos por ação na noite de ontem.

Mas qual das duas gigantes possui maiores perspectivas de provento? O Money Times ouviu analistas e chegou a um veredito: apesar do pagamento estelar da Petrobras, a Vale carrega menos risco.

O analista Pedro Galdi, da Mira Asset, diz que as duas estão pagando neste ano yield na faixa de 20%. Mas ele prefere Vale, já que a Petrobras, por ser estatal, pode ter uma mudança na política de preços.

Nesta semana, o ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intensão de votos, já afirmou que pretende alterar a política da estatal.

Régis Chinchila e Luis Novaes lembram que a partir de uma análise quantitativa, é possível perceber que a Petrobras se destaca pelo momento: o dividend yield desde o início de 2021 supera os 19% enquanto o da Vale é próximo a 10%.

“Mas se desconsideramos os eventos recentes da Petrobras e analisarmos o período anterior (de 2019 a 2013), a Vale se mostra mais consistente quanto a distribuição de proventos, mantendo a média de 4,02% contra 3,43% da Petrobras, além do fato de que não houve pagamentos durante 3 anos no período considerado por parte da petrolífera”, dizem.

Veja na tabela abaixo:

Fonte: Terra Investimentos

A dupla afirma que, pela consistência e risco envolvidos ao se investir numa estatal, a Vale seria uma melhor escolha a longo prazo.

Para o BTG Pactual, a proximidade das eleições presidenciais pode aumentar o risco de mudanças no posicionamento estratégico da petroleira e de uma possível interrupção nos pagamentos de dividendos.

“Gostamos que a empresa tenha aumentado a visibilidade na distribuição de caixa, mas nossa recomendação ‘neutra’ é sustentada por uma maior incerteza nos pagamentos a partir de 2023″, diz trecho de relatório assinado por Pedro Soares e Thiago Duarte.

Vale e Petrobras, fotografias opostas

Vale e Petrobras divulgaram resultados bem diferentes. Enquanto a petroleira caiu nas graças dos analistas, a mineradora decepcionou.

Embora haja preocupações, para algumas casas, como o BTG, ainda há esperança para ações da Vale.

A recomendação de compra da XP e do BTG, o segundo com preço-alvo de US$ 25 para a ADR, não caiu com a divulgação dos resultados do segundo trimestre, e por um simples motivo: os papéis da companhia estão muito descontados, negociados a aproximadamente 3,5 vezes EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda) para 2022.

Segundo o BTG, mesmo com a reabertura conturbada da economia chinesa, a exposição a Vale/minério de ferro ainda parece boa.

“Essa é uma commodity que tem mais de 70% de exposição à China”, destacam os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, em relatório publicado na noite desta quinta (28).

O BTG menciona ainda a boa disciplina da administração em sua estratégia de alocação de capital, com pouco crescimento de capex (investimentos).

Além disso, o banco acredita que os investidores vão favorecer a agenda de remuneração a acionistas da Vale.

“Estimamos yield de 15% para 2022, incluindo o programa de recompra de ações de aproximadamente US$ 8 bilhões recentemente anunciado”, afirmam Correa e Greiner.

No caso da Petrobras, a empresa ainda pode pagar cerca de US$ 16 bilhões em dividendos relacionados aos resultados de 2022, supondo que não haja mais alavancagem, disse o Bradesco BBI.

Os analistas Vicente Falanga e Ricardo França, do Bradesco BBI, pontuam que os dividendos anunciados superam a geração de caixa da Petrobras no segundo trimestre, mas afirmam que “o pagamento é altamente compatível com o balanço futuro”.

“O endividamento continuou a cair acentuadamente, com a dívida bruta agora em US$ 54 bilhões (vs. US$ 59 bilhões no 1T22), e a dívida líquida agora em US$ 34 bilhões, com dívida líquida/Ebitda projetada para 2022 agora em 0,5x, abaixo da média dos seus pares globais”.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.