Para Credit Suisse, Via Varejo é “fênix que renasceu” (inclusive, no radar do banco)
A Via Varejo (VVAR3) continua colhendo os frutos da reestruturação iniciada, desde o retorno da família Klein ao seu controle, em meados do ano passado. Dona das redes de varejo Casas Bahia e Ponto Frio, a empresa foi comparada pelo Credit Suisse à Fênix, a mitológica ave que ressurge de suas próprias cinzas.
O renascimento não é apenas simbólico, mas também prático. Para se ter uma ideia, fazia mais de um ano que o banco suíço não revisava suas projeções para a empresa.
O último preço-alvo, de R$ 7 por papel, foi divulgado em 28 de janeiro de 2019. Agora, Vítor Saragiotto e Pedro Pinto, os analistas que assinam o relatório do Credit Suisse, deram uma geral nas expectativas para os papéis.
O novo preço-alvo é de R$ 21. Sim, é o triplo do anterior, mas, além do fato de que o papel ficou mais de um ano sem revisão, é preciso observar que o novo valor representa um potencial de alta bem menor, quando comparado com o patamar em que ele já é negociado na B3.
Com base no fechamento de sexta-feira (21), o preço-alvo embute uma valorização de 26% nos próximos 12 meses. A recomendação do banco suíço é de outperform, isto é, desempenho esperado acima da média do mercado.
Para chegar ao novo preço, os analistas incorporaram uma previsão de 7% de crescimento nas vendas “mesmas lojas” (aquelas em operação há, pelo menos, 12 meses). A dupla também estima uma alta de 6,2% no ebitda.
Com essas variáveis, o papel estaria sendo negociado por 43,2 vezes sua relação Preço/Lucro (P/L). O banco admite que, à primeira vista, pode-se tratar de um papel caro, quando se considera que a empresa ainda está se reestruturando. Mas, para atenuar esse fator, a instituição acrescentas duas ponderações.
Novo indicador
A primeira é que o múltiplo não incorpora, totalmente, o potencial de ganhos que a reestruturação pode gerar. A segunda é que os investidores podem preferir outras métricas para avaliar a Via Varejo.
Assim, o P/L perderia peso, em favor do VE/RBV (valor da empresa, dividido pela receita bruta de vendas, ou EV/GMV, na sigla em inglês).
A preferência por este último múltiplo refletiria de modo mais adequado, segundo o Credit Suisse, a percepção de alguns fatores positivos no desempenho recente da companhia, como o crescimento “atraente” das vendas online, que o banco acredita “ser factível de se materializar”.
“Se essa hipótese se provar verdadeira, a diferença de valuation é substancial”, afirma o relatório. “A Via Varejo negocia, atualmente, a 0,7 vez o EV/GMV projetado para 2020, enquanto seus pares estão acima de 1,5 vez”, acrescenta.
A Via Varejo deve divulgar seus números do quarto trimestre e do consolidado de 2019 em 25 de março, após o fechamento do mercado. Para o Credit Suisse, este será o momento de “ver os primeiros sinais de uma boa recuperação”.