AgroTimes

Para completar a bagunça sobre o mix etanol/açúcar, volume de cana também é incerto

28 jul 2022, 13:40 - atualizado em 28 jul 2022, 13:55
Safra de cana segue sob incertezas quanto à real capacidade de produção (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

É definitivo que a recuperação da safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul seja menos parcial do que o previsto lá na largada, em abril.

Mas não parece certo que o martelo já possa ser batido em 20 milhões de toneladas a mais, sobre 21/22, de acordo com estimativas médias do mercado de 540 a 545 milhões, que já trouxe corte de cerca de 20 milhões com o andar das operações.

Ao divulgar os dados de moagem na primeira quinzena de julho, ontem, a Unica demonstrou as incertezas das associadas, o que implica também nas decisões sobre a produção de etanol e açúcar para os próximos meses. Depois do ICMS implicando nos preços dos combustíveis, o volume maior do biocombustível aguardado está em xeque.

“Assumindo que essa diferença [contra o ciclo 21/22 no mesmo período] diminua nas próximas quinzenas, para que haja plena recuperação da moagem e, ainda, um incremento em relação ao ciclo agrícola anterior, será necessário um alongamento do período de safra por parte das unidades produtoras”.

No acumulado desde abril já se processou 233,9 milhões de toneladas, 9,51% a menos, e nos primeiros 15 dias do mês a quantidade trabalhada acabou ficando acima da mesma quinzena de julho de 2021.

A nota, assinada pelo diretor Antonio de Padua Rodrigues, não fala em previsão de ciclo, como é tradicional da Unica, então a “plena recuperação” e o possível “incremento” ficam soltos.

Quanto ao “alongamento do período de safra”, cuja produtividade é menor em 1%, seria para depois de dezembro ou antes? A temporada oficialmente se estende até abril, mas em dezembro praticamente cessam as operações.

Está se admitindo que as usinas precisariam aproveitar as chuvas que potencialmente começam a voltar no final de setembro e esticarem a moagem até depois de iniciado o verão – no que é considerado, no setor, como “cana bisada” -, para alcançarem o que exatamente?

Ou já é sinal de que se começa a trabalhar que o ciclo 22/23 terá outra ‘morte súbita’, até novembro, no máximo, diante da seca que favorece a colheita, mas também coloca em risco a cana com mais tempo sem umidade?

Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado, acha difícil que as usinas prolonguem as operações, não passando de novembro, uma vez que desde abril a seca já é acentuada.

Ricardo Pinto, CEO da RPA Consultoria, acredita que os dados até agora fazem sentido, depois do início tardio das usinas e que os números de 540 a 545 milhões/t possam ser batidos até início de dezembro.

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