Para Benchimol, Brasil nunca esteve ‘tão barato’ e dólar fraco deve beneficiar o país se ‘fizer o dever de casa’

Para o presidente do conselho de administração e fundador da XP, Guilherme Benchimol, o Brasil nunca esteve “tão barato”.
“Quem comprou o EWZ [índice da bolsa brasileira em dólar] em 2010, 2011, perdeu 90%, o que quer dizer que US$ 100 viraram US$ 10 dólares, houve uma grande destruição de valor em 15 anos”, disse durante o evento Advance 2025, da Fami Capital, realizado na última sexta-feira (11).
Ele explica, em uma comparação, que o S&P 500 — um dos principais índices da bolsa dos Estados Unidos — negocia próximo a uma relação de preço/lucro (P/L) de 20 vezes, enquanto a bolsa brasileira negocia a 8 vezes. “A gente está muito barato porque o dinheiro no Brasil fica muito caro, o investidor não corre risco”, afirmou Benchimol.
Para o sócio da XP, o governo precisa fazer “o dever de casa” para que o dinheiro volte a circular na economia. “Enquanto o Brasil continua administrando mal as contas públicas, inevitavelmente, a gente vai continuar tendo um custo de oportunidades muito alto e isso naturalmente trava o capital.”
“Vai chegar uma hora que não tem jeito, não tem como desviar. Tem que fazer, senão a gente vai ter um cenário hiperinflacionário, como no passado”, acrescentou.
Na visão de Benchimol, porém, “é muito difícil acreditar” em um mudança desse cenário até as eleições presidenciais. “Tenho certeza que, em 2027, a gente tem que fazer um ajuste importante na economia. A gente vai ter que começar a equilibrar esse déficit. Então, 2027 tende a ser um ano difícil na economia real, com a arrumação da casa. […] É um ano em que os juros longos caem e as expectativas melhoram”, disse.
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Dólar fraco ‘ajuda’ Brasil
Para o sócio-fundador da XP, mesmo com cenário internacional está ‘confuso’ com o ‘tarifaço’ imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Brasil “tem uma oportunidade enorme”.
“A economia [dos EUA] cresceu muito por muitos anos, não teve folga em nenhum indicador, na taxa de desemprego, e a bolsa está cara, tinha que dar uma freada, não sei se dessa forma. Espero que Trump tenha um plano, só não entendi ainda qual é o plano”, afirmou Benchimol.
“Se a economia vai frear — acho que Trump quer isso, está começando o mandato e é importante que as maldades sejam feitas no começo —, o cenário é de dólar fraco, é um momento em que os emergentes se beneficiam.”
Para ele, essa combinação de o Brasil não ter tarifas tão elevadas na comparação com outros países tarifados pelos EUA, com um dólar mais fraco e o Brasil fazendo o dever de casa, “temos uma oportunidade enorme”, disse Benchimol. “A gente não depende de ninguém, basta que a gente faça o serviço de casa”, acrescentou.
Na semana passada, Trump impôs uma tarifa de 10% sobre os produtos brasileiros exportados aos EUA, com exceção sobre o aço e o alumínio — taxados em 25%.
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