Pão de Açúcar pode capturar até R$ 44,90 por ação com venda de fatia na Cnova
A venda da fatia na Cnova pode desbloquear valor adicional significativo para o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), afirmaram analistas da XP Investimentos e do UBS.
O GPA anunciou no início desta semana que o seu controlador, Grupo Casino, iniciou o processo para um potencial aumento de capital da Cdiscount, subsidiária direta da Cnova, na qual a companhia brasileira detém 34,17%.
De acordo com um comunicado do GPA enviado ao mercado, essa operação tem como objetivo acelerar o plano de crescimento da Cdiscount e também pode incluir uma oferta secundária de ações detidas pelo Casino.
O GPA e o Casino, na qualidade de acionistas da Cnova, assinaram em 2016 dois documentos que dizem que, se o Casino ou a Cnova decidir iniciar um IPO (incluindo uma oferta secundária), o GPA tem o direito de vender todas as ações detidas na Cnova como parte da oferta, algo que o grupo já tinha mostrado interesse em fazer há algum tempo. O acordo não explica se o desinvestimento é válido em uma transação envolvendo uma subsidiária da empresa.
Segundo o UBS, assumindo a emissão de 100 milhões de ações da Cnova por € 200 milhões, o Grupo Casino controlaria o ativo com 50,25% de participação e o GPA poderia vender 100% dos 118 milhões de papéis que detém na empresa. Nesse cenário, as ações detidas pela companhia poderiam valer entre R$ 7,85 e R$ 44,90 por ação.
Por falta de maiores detalhes sobre a potencial transação, o UBS colocou a recomendação e o preço-alvo da ação do GPA sob revisão.
Já a XP Investimentos rebaixou a recomendação do papel para neutra, com novo preço-alvo de R$ 39 (contra R$ 28 antes). Segundo a corretora, os preços atuais já refletem uma probabilidade de 40% de que a transação vai acontecer.
“Desde a cisão [do Assaí – ASAI3] e nossa recomendação de compra, os papéis do Grupo Pão de Açúcar tiveram uma valorização de 123% e, portanto, acreditamos ser um bom momento para a realização de lucros na posição”, explicaram Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, analistas de Varejo da XP.
Eiger, Senday e Suedt enxergam ainda alguns desafios para que a operação ocorra no curto prazo, como o cenário de competição que a Cnova enfrenta atualmente e a rotação de posicionamento para empresas/setores de valor.
Dentro do setor de supermercados, a preferência da XP é pelo Assaí, que combina valuation atrativo (16,2 vezes P/L [preço sobre lucro] para 2021, o mais baixo do segmento) com sólida perspectiva de crescimento.