Panorama dos portos reforça sobra de milho no Brasil. Pode ser bom para a inflação
A inflexibilidade nas exportações de milho fica bastante evidente pela agenda dos portos brasileiros. Com sobra de mais cereal internamente, os preços podem se descongestionar nas cadeias até chegarem aos consumidores.
Pelo line-up desta sexta (19), pesquisado pela Germinar Corretora, mostra a movimentação presente e para os próximos dias de 1,826 milhão de toneladas. Aqui se considera navios embarcando, ao largo (esperando berço de atracação) e chegando ao País.
Esse número não só é pouco menor em relação ao informado pelas autoridades portuárias na última quarta – 1,968 milhão/t – como está bem abaixo das quase 3 milhões de toneladas efetivadas nos primeiros 10 dias de novembro de 2020.
A Secex apontou 1,1 milhão/t entre 1º e 12 deste mês.
Roberto Carlos Rafael, CEO da corretora e casa de análise, acredita que o mês fechará com exportações consolidadas entre 2 a 2,5 milhões de toneladas, em torno da metade do apurado na comparação ano contra ano.
Além da demanda estar aquém do ano passado, a quebra da safra de inverno acentuou o cenário de oferta, bem como o milho da colheita americana, recém-concluída, igualmente exerce forte pressão sobre o cereal brasileiro.
No ano, as exportações totais talvez cheguem a 18 milhões/t, contra 34 milhões/t de 2020.
Por outro lado, melhora a oferta no mercado interno, com a saca já R$ 85 em média.
Pode, inclusive, tirar um pouco do custo na formação de preços da proteína animal – e atenuar o impacto nas carnes, leite e ovos, entre outros alimentos, sobre a inflação -, com a ração relativamente mais barata, principalmente para os produtores que precisam se abastecer de janeiro em diante.
Até lá, os estoques feitos, inclusive com importações, deverão findar.