Money Times Entrevista

Pânico nos mercados? Recessão nos EUA não deve acontecer, diz Kanczuk, ex-BC

05 ago 2024, 19:07 - atualizado em 06 ago 2024, 10:33
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Risco é real, mas recessão nos EUA não deve acontecer, diz Kanczuk (Imagem: Divulgação/ASA Investments)

O risco de recessão nos Estados Unidos (EUA) é real, mas, para Fabio Kanczuk, ex-diretor de política econômica do Banco Central (2019-2021) e diretor de investimentos da ASA Asset, a crise não deve acontecer. As incertezas sobre a economia norte-americana derrubaram as bolsas globais nesta segunda-feira (5).

O ex-diretor de política econômica do BC destaca que o “mercado está entendendo que tem uma probabilidade bem mais mensurável de ter recessão”, devido aos dados do mercado de trabalho norte-americano divulgados na sexta-feira (2).

O payroll, que indicou a criação de 114 mil vagas em julho, foi “ruim” e explica o pessimismo de hoje. O número veio abaixo das expectativas de 175 mil novos postos e representa uma forte desaceleração ante a leitura de junho, quando foram abertas 206 mil vagas.

O ex-diretor do BC afirma que os dados elevam a possibilidade de um front-loading na política monetária norte-americana. Trata-se de uma estratégia em que o Federal Reserve (Fed) realiza diversos cortes ou cortes mais agressivos na taxa de juros no curto prazo.

“Antes, o mercado estava considerando que eles iam cortar 0,25 ponto percentual (p.p.). Agora, ficou natural cortar 0,50 p.p. ou mais do que isso”, disse.

Kanczuk também não descarta a possibilidade de um eventual corte emergencial. O mercado de swaps precifica uma chance de cerca de 60% de uma redução de emergência de 0,25 p.p. em uma semana.

“Se eles [Fed] se convencerem de que realmente há uma probabilidade decente de recessão, o natural é ter, sim, cortes entre uma reunião e outra”, afirmou. “Eles têm essa tradição nos Estados Unidos de atuar antes. Eles arriscam antes da coisa [a recessão] acontecer.”

Risco é real, mas recessão não deve acontecer, diz Kanczuk

Apesar de avaliar que o risco de recessão nos EUA é real, o ex-diretor de política econômica do BC, no entanto, não acredita que a crise econômica deve, de fato, acontecer.

Segundo ele, há mais de 50% de chances de o mercado olhar de cabeça fria para os números do payroll de julho e avaliar que trata-se apenas de um dado ruim e que o restante da economia segue “meio normal”.

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Vale destacar que, na leitura de junho, o índice de preço de consumo pessoal (PCE), indicador favorito de inflação do Fed, foi a 2,5% em um ano e se aproximou da meta de 2%.

“Eu imagino que eles estão refletindo e digerindo, esperando mais dados. O Fed tem o benefício, dessa vez, de esperar um pouco para ver para que lado está andando essa coisa”, avaliou Kanczuk.

Os mercados em meio à aversão ao risco

Em meio à aversão ao risco, o Ibovespa (IBOV) fechou o pregão desta segunda-feira em queda de 0,46%, aos 125.269,54 pontos.

Wall Street também encerrou os negócios em forte baixa. Dow Jones e S&P 500, que caíram respectivos 3% e 2,60%, registraram a pior performance diária desde setembro de 2022. A Nasdaq, por sua vez, recuou 3,43%.

Na Ásia, a bolsa do Japão (Nikkei 225) recuou 12,40% hoje. Já na China e em Hong Kong, Shanghai caiu 1,54% e Hang Seng desvalorizou 1,46%.

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
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