Pandemia transformou setor de gestão de patrimônio, diz UBS
A pandemia de Covid-19 tem provocado mudanças drásticas no setor de gestão de patrimônio. Os clientes estão mais cautelosos, têm mais conhecimento digital e maior interesse em investimentos sustentáveis, segundo uma executiva do UBS em Hong Kong.
“A pandemia transformou os negócios e também a maneira como operamos”, disse Amy Lo, corresponsável por patrimônio da Ásia-Pacífico para o banco suíço. “O mundo se tornou mais digital, menos global e mais local.”
A executiva diz que clientes em toda a região se tornaram mais cautelosos, preocupados em preservar patrimônio e reequilibrar as carteiras diante da perspectiva da maior retração global desde a Grande Depressão.
“Diversificar e navegar pela volatilidade” é a meta de muitos clientes, disse Amy, cuja empresa administra mais de US$ 400 bilhões na região.
Os investimentos do UBS na plataforma digital dão resultado em meio à pandemia, permitindo que clientes interajam com o banco por meio de conferências, bate-papos e negociações on-line, disse.
O banco registrou salto de 41% do lucro operacional do primeiro trimestre na unidade global de gestão de patrimônio, para US$ 1,22 bilhão. A Ásia-Pacífico representou cerca de 30% desse valor, mais do que qualquer outra região.
“A epidemia mudou a maneira como nos envolvemos com nossos clientes; é basicamente combinar o canal presencial e também todos os canais digitais”, disse Amy em entrevista na sexta-feira à Bloomberg Television. “Vimos a atividade aumentar no banco digital, esse é o caminho a percorrer.”
Os clientes também demonstram mais consciência sobre investimentos ambientais, sociais e de governança, com cerca de 80% interessados nos chamados ativos ESG, disse.
“Eles percebem a importância de ter um crescimento sustentável e de procurar empresas de melhor qualidade que se concentrem no ESG”, afirmou.
Trabalho remoto
Amy disse que o trabalho remoto para alguns funcionários do UBS pode se tornar norma, mesmo com a redução do número de novos casos de vírus e recuperação gradual das economias em áreas como China e Hong Kong. Cerca de 90% dos banqueiros do UBS na região podem trabalhar em casa. Em Hong Kong, 30% deles ainda trabalham remotamente.
“Eu acho que isso continuará por algum tempo, porque também queremos ter esse tipo de esquema com a divisão de equipes”, disse Amy. “Isso não vai desaparecer completamente e, obviamente, estamos vendo como adaptamos o modelo operacional lá.”
O banco continuará a fazer contratações “estratégicas” na região da Ásia-Pacífico, acrescentou Amy.
“A Ásia continua sendo nossa região mais importante globalmente e particularmente nesta parte do mundo: Grande China e também o mercado chinês”, disse.