Pandemia deve frear entrada dos bancos no financiamento do agronegócio
O desafio que vai se impor à economia nos próximos tempos é como será a drenagem de recursos do sistema financeiro para as empresas. E a agricultura, que tem alguns sistemas de financiamento oficial, como o Plano Safra, com recursos finitos e procura cada vez menor (os juros ficaram mais altos que as taxas livres), deve estar se perguntando.
A próxima safra de soja já está nos planos dos produtores, além de outras culturas semi-perenes e perenes, cujas necessidades praticamente são regulares.
Várias análises já trazidas por Money Times, desde início de janeiro, com experts do setor, mostravam um quadro otimista. O de que os bancos teriam que criar instrumentos para remunerar seu capital.
Mas agora, com a pandemia do coronavírus em franco crescimento no mundo, e o Brasil esperando a sua “explosão”, conforme os agentes de saúde e governo, certamente os bancos vão continuar seletivos e não vão arriscar diante do impacto em todas as atividades econômicas. Mais ainda porque o timing disso tudo é absolutamente desconhecido.
A situação ficou mais interessante para as empresas financeiras quando o Copom cortou a Selic para 4,25%. E os juros médios das linhas oficiais repassadas pelas instituições estão em 6%, no piso inferior.
Desse modo, Antonio da Luz, economista-chefe de Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), e Gustavo Soares, consultor do Bancoob/Sicred, avaliavam a possibilidade de os bancos privados assumirem um papel importante para o agronegócio, que nunca tiveram.
“As taxas controladas estão muito acima da Selic”, disse o segundo aqui há algumas semanas.
Inclusive o governo anunciou incentivos às cooperativas de crédito também entrarem mais forte, aumentando seu percentual de participação, desde que fosse revisados modelos e linhas de crédito.
E se a Selic cair mais, com o impulso que o governo pudesse vir a dar para a economia suportar a travessia da pandemia, mais atraente poderia ser para o sistema financeiro. Mas devem ser ignoradas pelos bancos até que haja alguma resposta positiva sobre a contenção do coronavírus e sinal de retomada econômica nacional e mundial.
Mas a próxima safra já está no radar do agronegócio.