Pandemia derrubou rentabilidade dos bancos, mas Banco Central vê melhora em 2021
A pandemia da Covid-19 derrubou a rentabilidade dos bancos em 2020 ao menor patamar em pelo menos dez anos ao forçar as instituições a aumentar suas despesas com provisões, apontou o Banco Central nesta segunda-feira, destacando que, mesmo com o aumento das incertezas, a perspectiva é de melhora este ano.
“A queda da rentabilidade foi generalizada, afetando bancos de diferentes tipos de controle, porte e segmento de atividade”, afirmou o BC em seu Relatório de Economia Bancária divulgado nesta segunda-feira.
Em dezembro de 2020, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) do sistema bancário foi de 11,5%, o menor da série histórica do BC, que começou em dezembro de 2010. No ano anterior, o BC havia reportado um ROE de 16,5% para dezembro de 2019.
Em 2020, as despesas dos bancos com Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa saltaram 30% sobre 2019 e as receitas com serviços desaceleraram com a menor atividade econômica, crescendo 2,3% depois de uma alta de 6,7% no ano anterior.
Segundo o BC, a rentabilidade dos bancos privados, instituições que tiveram aumento mais expressivo nas despesas com provisões, caiu mais do que a dos públicos no período. Já em uma comparação que leva em conta o porte dos bancos, a queda foi similar entre os bancos grandes e médios –tradicionalmente mais rentáveis– e os pequenos e micros.
Para 2021, o BC espera uma recuperação da rentabilidade, a despeito do que apontou como um “aumento da incerteza decorrente da pandemia”, que seguirá sendo o principal fator de risco para o indicador.
“O reforço de provisões realizado em 2020 reduz a necessidade de novas provisões em montantes relevantes e a retomada da atividade econômica contribui para o crescimento e a qualidade do crédito, além de favorecer a demanda por serviços bancário”, disse o BC.
Concentração
O relatório apontou uma redução da concentração do Sistema Financeiro Nacional e afirmou que a queda da fatia de mercado do Banco do Brasil, da Caixa e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a partir de 2019 foi um fator “importante” nesse processo.
Os cinco maiores bancos —Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa— responderam por 77,6% do total de ativos do sistema financeiro em dezembro de 2020, ante 81% um ano antes.
A concentração dos depósitos totais nessas instituições caiu para 79,1%, ante 83,4% em dezembro de 2019, enquanto no crédito passou a 81,8%, de 83,7%.
Ao comentar a redução da concentração verificada desde 2018, o BC destacou que ela ocorreu “a despeito de, nesse período, ter havido onze atos de concentração envolvendo instituições financeiras, sendo a aquisição de 49,9% da XP Investimentos pelo Itaú-Unibanco o caso mais relevante”.
O BC também chamou a atenção para a redução da parcela de mercado dos bancos públicos BB, CEF e BNDES de 41,3% dos ativos totais em 2018 para 37,5% em 2020, pontuando que esse movimento se deu em parte com aumento da participação de instituições que não estão entre as cinco maiores, “o que contribui para o incremento das condições concorrenciais”.
(Atualizada às 10h12)