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Países sancionados pelos EUA receberam US$ 15,8 bilhões em criptomoedas e ligam alerta de autoridades, diz relatório

19 fev 2025, 15:23 - atualizado em 19 fev 2025, 15:23
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O documento afirma que jurisdições e entidades sancionadas pelos Estados Unidos e outros órgãos internacionais receberam US$ 15,8 bilhões em criptomoedas em 2024, o que equivale a cerca de 39% de todas as transações ilegais com ativos digitais.(Imagem: Unsplash/Shutterstock/Montagem Felipe Alves)

As sanções financeiras internacionais são uma das formas de limitar ações de países ao redor do globo, mas as criptomoedas têm se mostrado um furo nessa parede, de acordo com um relatório da Chainalysis desta quarta-feira (19). 

O documento afirma que jurisdições e entidades sancionadas pelos Estados Unidos e outros órgãos internacionais receberam US$ 15,8 bilhões em criptomoedas em 2024, o que equivale a cerca de 39% de todas as transações ilegais com ativos digitais.

Diferentemente de outros anos, os países sancionados passaram a representar uma fatia de 60% do grupo de jurisdições e entidades sancionadas até o fim de 2024, um valor recorde para esse segmento. 

Ainda, no grupo de “entidades sancionadas” estão países como Irã e Rússia, de acordo com o Chainalysis. Além disso, Coreia do Norte e Myanmar estão na lista da FATF, sigla para o grupo de ação financeira internacional, uma organização informal que atua na prevenção contra lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.

O exemplo mais famoso dessas sanções foi a suspensão parcial da Rússia do sistema de pagamentos internacionais conhecido como Swift.

Desde então, o país legalizou a mineração de bitcoin (BTC) e aprovou regras mais permissivas para o mercado de criptomoedas, permitindo, por exemplo, transações internacionais com ativos digitais.

Criptomoedas e sistemas paralelos ao dólar

Além disso, Rússia e Irã fortaleceram os laços financeiros com países do Brics, desenvolvendo mecanismos de pagamento fora do circuito do dólar americano e das redes bancárias tradicionais.A alternativa mais conhecida seria uma moeda do bloco, algo que ainda não saiu do papel.

Porém, acordos bilaterais em outras moedas foram firmados nos últimos anos. 

No caso específico do Irã, o país estimulou o crescimento de corretoras de criptomoedas centralizadas (Centralized Exchanges, ou CEX) com baixo controle de mecanismos de prevenção à lavagem de dinheiro e terrorismo, como métodos de know your customer (“conheça seu cliente”, em tradução livre, ou KYC). 

Os padrões de uso dessas CEX sugerem fuga de capital, de acordo com a Chainalysis. Em 2024, as saídas de criptomoedas iranianas aumentaram cerca de 70% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 4,18 bilhões.

Lavagem de dinheiro

Outra ferramenta utilizada é o polêmico Tornado Cash, um aplicativo que embaralha as transações e dificulta ainda mais o rastreamento do dinheiro dentro do sistema semi-anônimo da blockchain. Em 2024, as entradas aumentaram 108% em comparação com o ano anterior.

Os recursos roubados corresponderam a 24,4% do fluxo de entrada da Tornado Cash em 2024, atingindo as máximas dos últimos dois anos. 

Um dos incidentes mais significativos e que impulsionaram o uso do Tornado Cash foi o hack da HECO Bridge, no qual os criminosos enviaram US$ 145 milhões em ethereum (ETH) através do Tornado Cash numa tentativa de lavar o dinheiro. 

A plataforma foi bloqueada pela Agência de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA (OFAC, na sigla em inglês), acusada de facilitar a lavagem de mais de US$ 455 milhões em fundos roubados.

No entanto, a Tornado Cash continuou a atuar mesmo assim — mostrando a dificuldade de impor sanções às tecnologias de criptomoedas.

Em agosto de 2023, promotores dos EUA indiciaram o cofundador do Tornado Cash, Roman Semenov, por conspiração para cometer lavagem de dinheiro e violações de sanções.

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É editor-assistente do Money Times. Formado em jornalismo pela ECA-USP, estuda ciências econômicas na São Judas. Atuou como repórter no Seu Dinheiro, Editora Globo e SpaceMoney.
renan.sousa@moneytimes.com.br
É editor-assistente do Money Times. Formado em jornalismo pela ECA-USP, estuda ciências econômicas na São Judas. Atuou como repórter no Seu Dinheiro, Editora Globo e SpaceMoney.
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