Economia

Países inovadores e complexos: Brasil fora do radar

06 jul 2019, 17:02 - atualizado em 05 jul 2019, 19:38

Por Paulo Gala

Países que tem uma estrutura produtiva complexa e sofisticada tem empresas que investem muito em pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços (P&D).

Empresas de Países de estrutura produtiva pobre não tem porque investir nessa áreas. O Brasil passa cada vez mais para esse segundo grupo de economias. Investir em P&D para produzir o que no Brasil? Para os autores clássicos do desenvolvimento econômico as atividades produtivas são diferentes em termos de suas habilidades para gerar crescimento e desenvolvimento.

Atividades com altos retornos crescentes de escala, alta incidência de inovações tecnológicas e altas sinergias decorrentes de divisão do trabalho dentro das empresas e entre empresas são fortemente indutoras de desenvolvimento econômico (Reinert 2009, pg. 9).

São atividades onde em geral predominam competição imperfeita e todas as características desse tipo de estrutura de mercado (importantes curvas de aprendizagem, rápido progresso técnico, alto conteúdo de R&D, grandes possibilidades de economias de escala e escopo, alta concentração industrial, grandes barreiras à entrada, diferenciação por marcas, etc…).

Esse grupo de atividades de alto valor agregado se contrapõe às atividades de baixo valor agregado, em geral praticadas em países pobres ou de renda média com típica estrutura de competição perfeita (baixo conteúdo de R&D, baixa inovação tecnológica, informação perfeita, ausência de curvas de aprendizado e possibilidades de divisão do trabalho (Reinert e Katel 2010, pg 7.)

Para esses economistas o aumento de produtividade de uma economia viria justamente da subida da escada tecnológica, migrando de atividades de baixa qualidade para as atividades de alta qualidade, rumo à sofisticação tecnológica do tecido produtivo  (Bresser-pereira 2014, pg.103).

Para isso a construção de um sistema industrial complexo e diversificado é fundamental, sujeito a retornos crescentes de escala, altas sinergias e linkages entre atividades (Reinert 2010, pg.3). A especialização em agricultura e extrativismos não permitiria esse tipo de evolução tecnológica.

Os gastos de R&D, pesquisa e patentes dependem muito do tipo de atividade exercida em cada pais, algo que fica claro no mapa da complexidade acima e nos gráficos de gastos de P&D, numero de pesquisadores e patentes por países abaixo.

*capacidade tecnológica medida como gastos em P&D e número de patentes nos EUA, “Schteingart, D. (2014): Estructura productivo-tecnológica, inserción internacional y desarrollo, Tesis de Maestría en Sociología Económica, IDAES-UNSAM”.