Países árabes preparam retaliação econômica se Brasil transferir embaixada em Israel
A Liga Árabe condenou o Brasil pela recente abertura de um escritório comercial em Jerusalém e alertou para possíveis consequências econômicas se o governo de Jair Bolsonaro adotar outras medidas no sentido de reconhecer a cidade santa como capital de Israel.
Depois de uma reunião nesta quinta-feira no Cairo proposta pela Autoridade Palestina, os 22 membros da Liga disseram em comunicado conjunto que o Brasil cometeu uma “violação flagrante” do direito internacional e uma ação unilateral que endossa a ocupação israelense.
Os países árabes estão dispostos a tomar “medidas políticas, diplomáticas e econômicas“ se o Brasil transferir sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, segundo o comunicado. A liga expressou “profundo pesar” quanto à atual política externa do Brasil, que contrasta com a posição mais equilibrada dos governos anteriores em relação ao Oriente Médio.
Ibrahim Alzeben, embaixador palestino no Brasil, disse em entrevista que considera o Brasil “um amigo da Palestina e um parceiro do mundo árabe” e espera que o país ouça a declaração da Liga Árabe.
O Brasil abriu seu escritório de comércio de Jerusalém na semana passada, em cerimônia com a presença do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e de um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, deputado Eduardo Bolsonaro. O escritório foi uma solução intermediária encontrada pelo governo brasileiro após o compromisso da campanha de Bolsonaro de transferir a embaixada para Jerusalém gerar uma forte reação contrária de seus parceiros comerciais no Oriente Médio.
No entanto, após a cerimônia da semana passada, Eduardo Bolsonaro disse em sua conta no Twitter que o escritório foi o primeiro passo antes de a embaixada do Brasil ser transferida para Jerusalém no próximo ano.
Em comunicado antes da reunião desta quinta-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil citou visita recente do presidente Jair Bolsonaro aos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Catar como prova de que o Brasil continua a ter excelentes relações com os países árabes. O escritório de comércio em Jerusalém não prejudicará esses laços, segundo o comunicado.
O Brasil exportou US$ 10,3 bilhões para os 22 países que compõem a Liga Árabe entre janeiro e outubro, um aumento de cerca de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior.