Pagamento a Petrobras de US$ 45 bi por cessão onerosa é excessivo, diz Credit Suisse
Em decorrência da estimativa de US$ 45 bilhões de recompensa a Petrobras (PETR3; PETR4) pela União, conforme veiculado na última terça-feira (8) no Valor Econômico, o Credit Suisse divulgou relatório a clientes nesta quarta-feira (9) avaliando a realidade em torno do número, além de propor novo método para calcular a transferência de direitos da cessão onerosa.
Conforme o relatório obtido pelo Money Times, o valor publicado é acima da estimativa de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões projetada pelos analistas Regis Cardoso e Victor Schmidt.
“Dentro deste contexto, continuamos a acreditar que provavelmente o governo pagará um valor menor a Petrobras”, avalia o Credit Suisse.
A recomendação dos ADRs (American Depositary Receipts) é de outperform (desempenho) acima da média do mercado, com preço-alvo de US$ 21 – upside (potencial de valorização) de 52,5% em doze meses conforme o último fechamento.
Nova metodologia
O banco destaca que o cálculo preciso da compensação requere a comparação proporcional a valor presente da produção da Petrobras antes e depois do agrupamento, “o que pode ser um pouco complicado”.
“A Petrobras essencialmente troca um valor maior de barrris (desenvolvidos) por barris (não explorados) de menor valor”, ponderam Cardoso e Schmidt.
Como solução, o Credit Suisse propõe dois componentes para o cálculo: o número de barris comercializados (a diluição da produção) e a diferença no valor destes barris (as perdas no valor de barris diários).
Estimação mais fácil
Neste sentido, os analistas destacam que a diluição do volume da produção é mais fácil de ser estimada: a transferência de direitos da Petrobras é conhecida a priori, no montante de 4,55 bilhões de barris de petróleo equivalentes por dia em áreas que serão leiloadas.
O volume excessivo em todas as áreas da cessão onerosa é projetado dentro do intervalo de 6 bilhões a 10 bilhões de barris. “Logo, a diluição (ou seja, o número de barris de maior valor trocados por barris de menor valor) provavelmente estarão no intervalo de 2,5 bilhões a 3 bilhões”, afirma o Credit Suisse.
Assimetria
Desta forma, a compensação de US$ 45 bilhões de 2,5 bilhões a 3 bilhões de barris requere diferença entre os barris de maior e menor valor de US$ 15 a US$ 18. “A assimetria parece ser excessiva”, aponta o banco.
Por fim, para fundamentar os porquês dos barris não explorados terem menor valor do que os já descobertos, os analistas destacam dois pontos: custos de exploração, tipicamente de US$ 5 por barril; e relação de valor-tempo da produção.