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Ovos orgânicos ganham escala com nova marca no mercado

25 abr 2022, 14:30 - atualizado em 25 abr 2022, 14:30
Ovos
Para ajudar o segmento a crescer, a empresa Raiar Orgânicos começou a comercializar seus ovos na última semana (Imagem: Pixabay/SpencerWing)

O Brasil produziu 3,9 bilhões de dúzias de ovos em 2021 e é o quinto maior produtor mundial, atrás de países como China e Estados Unidos, porém a parcela de ovos orgânicos nesse montante não passa de um traço estatístico, menor que 1%.

Para ajudar o segmento a crescer, a empresa Raiar Orgânicos começou a comercializar seus ovos na última semana.

Ao lado de nomes como Fazenda da Toca, Yamaguishi, Korin e Mantiqueira, a Raiar quer incrementar a presença dessa proteína animal 100% orgânica nas prateleiras do País e disputar uma fatia num mercado bilionário e em crescente expansão nos últimos anos.

Em 2020, o mercado de ovos orgânicos movimentou US$ 3,4 bilhões e deve alcançar, até 2030, a marca de US$ 11,2 bilhões, segundo estimativas da Allied Market Research.

Na Raiar, o plano de escalar o negócio olhando para toda a cadeia levou os sócios, ao longo dos últimos dois anos de planejamento, a primeiro encontrar uma solução para a ração das galinhas. Pois, para os ovos serem chamados de orgânicos, a galinha só pode se alimentar de ração orgânica (leia abaixo a diferença entre os ovos).

No entorno de Avaré (SP), onde a empresa foi instalada, cerca de 60 produtores de milho orgânico já vão fazer a próxima colheita com produção comprada pela Raiar – até o fim do ano serão 100 produtores parceiros.

Com esse milho, a fábrica da Raiar faz a ração em equipamentos próprios, gerando inclusive excedente para vender a terceiros e fomentar outros pequenos produtores de ovos orgânicos da região.

“A principal dor do produtor de ovo orgânico é a ração. Se não tiver ração orgânica, não tem ovo orgânico. Com a fábrica, toda a alimentação das nossas galinhas está garantida até abril de 2023.

Então, agora, já estamos falando da comida para dezembro de 2023”, conta Marcus Menoita, CEO e fundador da Raiar ao lado de outros quatro sócios. Entre eles, estão à frente da operação Luis Barbieri e Leandro Almeida, executivos egressos do mercado de grãos e logística.

A fábrica está instalada numa área de 170 hectares, hoje com 60 mil galinhas, que dão 17 mil ovos todos os dias. A projeção é chegar ao mês de maio com 100 mil galinhas e, até o fim deste ano, ter produção de cerca de 150 mil ovos diários.

Em três ou cinco anos, quando alcançar nível de maturidade, a empresa espera ter 700 mil galinhas e faturamento de R$ 200 milhões.

Esse, aliás, é o valor previsto de investimento na fábrica, que inclui o maquinário para a produção automatizada de ração e tem capacidade operacional para alimentar 1,5 milhão de galinhas – o excedente será vendido para o mercado.

“Visitamos cerca de 30 granjas em sete países da Europa antes de montarmos a nossa fábrica. Buscamos as melhores práticas e equipamentos para escalar e continuar sendo orgânico”, conta Menoita, que mira mudar o traço estatístico atual do ovo orgânico no Brasil. “Em dois ou três anos, a nossa expectativa é ver o share total de ovo orgânico chegar a 2% do mercado. Em alguns países da Europa, pode passar de 20%”, completa ele, segundo quem a Raiar começa na próxima segunda-feira com venda em e-commerce próprio (inclusive sob o modelo de assinatura com entregas semanais), em empórios especializados e em breve deve alcançar prateleiras do grande varejo.

Em empórios ou supermercados de São Paulo, ovos orgânicos são hoje frequentemente vistos sob etiquetas de marcas como a Fazenda da Toca, que começou em 2009 com ovos orgânicos, e a Korin, que iniciou a produção desse tipo de ovos em 2015. As empresas, no entanto, não revelam números de suas operações.

No caso da Korin, dados do próprio site da empresa, que remetem ao início da produção de ovos orgânicos em 2015, contam que eles representavam àquela época cerca de 10% dos 2,4 milhões de ovos produzidos mensalmente – a empresa também produz ovos caipira ou livres de gaiola. O faturamento da empresa, que também produz sua própria ração para as galinhas, chegou a R$ 190 milhões em 2020.

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Entenda a diferença entre os ovos

1. Ovo comum

É o ovo “de granja”, de galinhas industriais criadas dentro de gaiolas com alimentação à base de itens como soja transgênica e animais. Elas recebem medicação com antibióticos

2. Ovo livre de gaiola

É o ovo “cage free”, de galinhas que recebem as mesmas alimentação e medicação das galinhas de granja, mas ficam soltas e podem ciscar no galpão, sem ficar dentro da gaiola

3. Ovo caipira

É o ovo da galinha rústica que pode ciscar do lado de fora do galpão, com acesso ao pasto. Alimentam-se de forma mais controlada (com legumes e restrições a animais) e só recebem remédio se ficam doentes

4. Ovo orgânico

É o ovo da galinha livre para ciscar, com acesso a pasto, e que tem alimentação regrada: só deve comer vegetais orgânicos (não inclui proteína animal). Se ficam doentes, devem ser tratadas com homeopatia

 

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