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Ouro atrai novo perfil de compradores em rali

29 jul 2020, 13:36 - atualizado em 29 jul 2020, 13:36
Ouro
No passado, quando títulos ofereciam rendimentos mais elevados, muitos investidores profissionais tinham pouco interesse no ouro (Imagem: Pixabay)

A valorização do ouro para nível recorde conquista um grande número de fãs em fundos de pensão, seguradoras e especialistas em patrimônio privado.

Gestores que administram carteiras de longo prazo no valor de trilhões de dólares aumentam o interesse pelo ouro enquanto buscam retornos em um cenário de investimentos com rendimentos baixos.

O leque mais amplo de compradores é uma das principais dinâmicas por trás do rali rumo aos US$ 2.000 a onça, mesmo que clientes tradicionais de ouro na Índia e China permaneçam à margem.

No passado, quando títulos ofereciam rendimentos mais elevados, muitos investidores profissionais tinham pouco interesse no ouro.

Um amplo portfólio de ações e títulos poderia gerar rendimento confiável, e os dois ativos se equilibrariam entre si durante as baixas do mercado. O ouro, que não gera renda, é difícil de avaliar e seu armazenamento tem custos.

Mas a matemática mudou. Com US$ 15 trilhões em dívidas que oferecem rendimentos negativos e a perspectiva de que o Federal Reserve mantenha os juros perto de zero no futuro próximo, alguns especialistas em Wall Street questionam a estratégia de manter títulos e procuram em outros lugares ativos para se protegerem contra a volatilidade.

“Títulos públicos seguros sempre desempenharam um papel muito importante para diversificar o portfólio e continuarão desempenhando, mas temos que reconhecer que sua potência está diminuindo devido ao baixo nível de rendimentos absolutos”, disse Geraldine Sundstrom, que tem como foco estratégias de alocação de ativos na Pacific Investment Management, em Londres.

A Pimco, que administra US$ 1,9 trilhão em ativos, não está sozinha. Em relatório de maio, o Citigroup citou “novos investidores não tradicionais de ouro, incluindo companhias de seguros e fundos de pensão” como parte do combustível por trás do rali.

“Definitivamente, há maior participação institucional no ouro do que em ralis anteriores”, diz John Reade, estrategista-chefe de mercado do Conselho Mundial do Ouro. “O ouro agora conversa com muito mais investidores do que há 10 ou 20 anos.”

“É estranho que fundos de pensão queiram comprar ouro”, disse Mark Dowding, diretor de investimentos da BlueBay Asset Management. O metal “não gera receita ou dividendos e custa dinheiro para armazenar. Também não faz nada para associar ativos a passivos.”

O fascínio pode ser que o ouro simplesmente tende a se sair bem durante períodos de inflação ou quando as ações despencam – dois cenários que parecem dentro das possibilidades no ambiente atual. Os preços à vista subiram 29% desde janeiro e foram negociados a US$ 1.955 a onça na quarta-feira.

Uma base mais ampla interessada em ouro também pode significar que, se o ouro sofrer uma correção, é provável que haja muitos investidores esperando para comprar.

“Quanto menor o rendimento real e quanto mais fraco o dólar, mais atraente é o ouro”, disse Charles Diebel, gestor da Mediolanum International Funds.