Economia

Os ‘vilões’ que devem fazer o IPCA acelerar de novo; veja o que esperar da inflação de maio

10 jun 2024, 18:12 - atualizado em 11 jun 2024, 8:11
inflação ipca
Consenso aponta para uma alta de 0,41% no IPCA, que mede a inflação oficial do Brasil (Imagem: Getty Images)

O mercado pode esperar por mais uma aceleração no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O consenso, segundo o grupo consultivo permanente macroeconômico da ANBIMA, aponta para uma alta de 0,41% na inflação de maio, frente a 0,38% em abril.

A leitura do mês passado, que será divulgada às 9h desta terça-feira (11), será a primeira a capturar os efeitos das enchentes no Estado do Rio Grande do Sul.

Especialistas afirmam que os maiores vilões da alta de preços foram os setores de transportes e habitação. “A conhecida variação de 6,04% em passagem aérea e a alta de 0,28% em energia elétrica deverão contribuir para esta pressão”, diz a estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo.

Em menor medida, os combustíveis — principalmente a gasolina e o etanol — também devem pesar no mês, afirma o analista de economia do Investing.com, Leandro Manzoni.

Por outro lado, os alimentos no domicílio devem apresentar uma alta menor em relação a abril. A expectativa é de desaceleração de 0,81% para 0,43%, principalmente em razão dos produtos in natura, que podem subir 1,2%, vindos de 3,95%.

Outra ajuda para o mês deve ser a descompressão dos preços dos medicamentos, com o fim do impacto do reajuste dos valores de 4,5%.

“A média dos principais núcleos deverá mostrar pouca novidade do que foi visto no IPCA-15 de maio. Assim como o grupo de serviços subjacentes, que deverá apresentar variação de 0,31% igual à do IPCA-15 de maio e muito próxima à do IPCA de abril. Já o grupo intensivo em trabalho deve acelerar para 0,40% vindo de 0,35% na prévia, movimento que deverá persistir até o fechamento do ano, podendo encerrar em 5,7%”, diz Angelo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Inflação de 2025 preocupa

A Warren projeta que o IPCA feche os anos de 2024 e 2025 em torno de 4%. A meta para ambos os anos é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.

A estrategista de inflação, Angelo, no entanto, avalia que o balanço de risco é altista para esses períodos — e é isso que preocupa o mercado.

Em linha, Manzoni, do Investing.com, ressalta que o Relatório Focus de hoje (10) elevou pela quinta vez consecutiva a expectativa do IPCA para 2025, chegando a 3,9%, e pela sexta vez seguida para 2026, a 3,78%.

“Apesar de a meta de inflação ser 3% e as projeções estarem dentro do limite superior de 1,5 ponto percentual acima da meta, a constante deterioração preocupa o Copom”, diz Manzoni.

O mercado de trabalho apertado, com a massa salarial no pico histórico, e o Produto Interno Bruto (PIB) em expansão contribuem para essa deterioração. “A alta recente do dólar, que é cotado a R$ 5,35 nesta segunda-feira, também passa a ser ponto de preocupação na política monetária, devido aos potenciais efeitos na inflação da desvalorização do real”, explica.