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Os planos do Banco John Deere após união com o Bradesco, segundo CEO da joint venture

20 fev 2025, 8:30 - atualizado em 20 fev 2025, 12:11
Alex Ferreira - John Deere
Alex Ferreira, executivo da John Deere, assumiu o cargo de CEO da joint venture. (Imagem: Divulgação/Banco John Deere)

Na semana passada, o Banco John Deere e o Bradesco (BBDC4) concluíram, oficialmente, o seu processo de joint venture — uma parceria em que duas ou mais empresas se unem para trabalhar juntas em um projeto ou negócio, compartilhando custos, riscos e lucros.

Pelo acordo assinado entre as duas, o Bradesco, por meio de sua subsidiária Bradesco Holding de Investimentos, passou a deter 50% do capital social do Banco John Deere, divisão da John Deere Brasil S.A., subsidiária da Deere & Company — uma das líderes globais no fornecimento de equipamentos para agricultura, construção e silvicultura. O valor da operação não foi divulgado.

O plano, anunciado em agosto de 2024, tem como objetivo ampliar o acesso ao crédito no agronegócio e as opções de financiamento para clientes, concessionários e distribuidores da John Deere no Brasil.

“Uma parceria com uma instituição de grande porte, como o Bradesco, nos proporciona acesso a diversas oportunidades que, isoladamente, poderíamos ter mais dificuldade em alcançar. Isso inclui a busca por funding mais competitivo, ampliação das opções de financiamento e acesso a novas tecnologias”, afirma Alex Ferreira, executivo da John Deere que assumiu o cargo de CEO da joint venture, em entrevista para o Money Times.

Com a nova transação, o Bradesco deve ampliar a sua posição no financiamento ao agronegócio. Atualmente, o banco conta com uma carteira de crédito em torno de R$ 120 bilhões em operações para o segmento. Já o Banco John Deere fechou o ano de 2024 com uma carteira de crédito de R$ 15,8 bilhões.

Ferreira aponta que o processo de financiamento agrícola, que antes era suportada por linhas de crédito do governo, principalmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), está passando por uma transformação para um modelo mais orientado ao mercado.

“O investimento em tecnologia é um fator essencial no setor financeiro, mas essa ainda não é a realidade dos bancos de montadora. Já os grandes bancos operam em um ambiente digital avançado, que exige investimentos elevados. Dessa forma, a parceria permitirá que alcancemos novas soluções tecnológicas e ampliemos nossas opções de financiamento”, diz.

Ele lembra que o objetivo do banco é ampliar a oferta de produtos e avanço tecnológico. “Tradicionalmente, nosso financiamento estava concentrado em equipamentos, onde o agricultor adquire um maquinário, financia pelo Banco John Deere e paga em prestações anuais. Esse modelo segue sendo relevante, mas o setor agrícola está se sofisticando”, afirma.

Ele aponta que, além das inovações tecnológicas na produção e no uso de dados, os produtores estão diversificando suas estratégias financeiras, emitindo títulos e acessando novas formas de crédito. Já no aspecto tecnológico, o setor de crédito evoluiu rapidamente com digitalização e automação, sendo que o banco precisa migrar de um modelo tradicional, baseado na análise manual de documentos, para um processo mais ágil.

“No setor automotivo, por exemplo, um cliente pode ter seu crédito aprovado rapidamente em um concessionário. Queremos trazer esse dinamismo para o financiamento agrícola, tornando a experiência do cliente mais fluida e digital, reduzindo burocracias”, completa.

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O executivo afirma que o grupo ainda não tem uma projeção exata de crescimento, uma vez que ainda estão em fase de alinhamento estratégico com o Bradesco, estruturando governança e conselho de administração da joint venture. Vale lembrar que ambas as empresas concordaram em manter a marca “Banco John Deere” existente, enquanto a transação não causará impacto material no índice de capitalização do Bradesco.

“Tanto nós da John Deere quanto o Bradesco entendemos a importância de preservar essa marca como referência em financiamento de soluções John Deere. O banco continuará sendo identificado como o banco da montadora e não há planos para co-branding ou duplo branding. O objetivo é deixar claro para o agricultor que esse é o banco da marca John Deere e que o Bradesco entra como sócio na joint venture”, destaca.

A John Deere conta com uma rede de concessionários para soluções agrícolas e distribuidores para construção com 312 pontos de venda, sendo 266 agrícola, 30 de construção e 16 que atendem as duas linhas.

Questionado sobre novas parcerias, Ferreria afirma que o Banco John Deere não está conversando sobre futuros acordos com outras empresas.

No final do ano passado, a John Deere — não o banco — renovou a sua parceria com o Banco do Nordeste de cooperação técnica para facilitar o acesso dos produtores rurais a linhas de crédito específicas para aquisição de tratores, colheitadeiras, plantadeiras e outros equipamentos da marca.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
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