Os peixes falam? De acordo com pesquisadores, sim
Há muito se comenta sobre os sons exóticos emitidos por baleias e golfinhos. Mas a novidade do momento é outro animal aquático que, pelo visto, fala tanto quanto qualquer outra espécie conhecida, os peixes.
Um estudo desenvolvido pela Universidade Cornell, nos EUA, identificou que espécies de peixes utilizam sons como parte essencial de sua comunicação. Esse acontecimento já havia sido notado anteriormente por pesquisadores, mas era interpretado apenas como uma anormalidade ou fenômeno isolado.
A pesquisa publicada na revista Ichthyology & Herpetology demonstrou que algumas espécies de peixes utilizam frequências sonoras para se comunicarem com seus pares a cerca de 155 milhões de anos.
Para William Bemis, professor de ecologia e co-autor do artigo, a compreensão sobre como diferentes funções e comportamentos evoluíram em cerca de 35 mil espécies só foi possível “graças a décadas de pesquisas básicas sobre as relações evolutivas dos peixes”.
O estudo utilizou um grupo de peixes chamados de actinopterígeos. As espécies desse tipo são vertebradas, possuindo uma espinha dorsal, e compreendem cerca de 99% das espécies de peixes conhecidas no planeta.
Em 175 famílias de peixes estudadas pelo menos dois terços das espécies se comunicam, ou são suscetíveis, a se comunicar através de sons. Essa característica em particular foi notada como tão importante entre esses animais que evoluiu cerca de 33 vezes ao decorrer de milhões de anos.
E, pelo visto, os temas discutidos pelos peixes são bem parecidos com os nossos – sexo e comida. Em geral, os sons emitidos por esses animais giram em torno de atrair parceiros para reprodução e, proteger alimento e território.
Aaron Rice, do Centro de Conservação Bioacústica no Laboratório Cornell de Ornitologia e líder da pesquisa, afirmou que essa descoberta introduz a comunicação sonora a um grupo muito maior de espécies do que se poderia imaginar.
“Os peixes fazem tudo. Eles respiram ar, voam, comem tudo e qualquer coisa – a essa altura, não me surpreenderia sobre os peixes e os sons que eles podem fazer”, afirmou o pesquisador.