Os passos do Pão de Açúcar para voltar a ser a ‘joia da coroa’ do varejo alimentar premium
Finalizadas as conversões dos hipermercados Extra, o GPA (PCAR3) está trabalhando pesado no processo de reposicionamento da marca Pão de Açúcar. Mais do que ampliar a gama de produtos ofertados, a companhia quer resgatar o título de “joia da coroa” do varejo alimentício premium.
Foi o que Marcelo Pimentel, CEO do grupo, sinalizou nesta quarta-feira (30), na inauguração da nova loja Pão de Açúcar na Avenida Jornalista Roberto Marinho, zona Sul de São Paulo.
A jornalistas, Pimentel disse que o processo de turnaround, com previsão de término ao fim de 2024, se concentra nos fundamentos do negócio: foco em experiência do cliente e reconhecimento de que o Pão de Açúcar é uma marca premium.
A unidade recém-inaugurada indica o que o GPA tem planejado para o remodelamento da bandeira. Um dos destaques é o aumento por metro quadrado de produtos perecíveis. Segundo Pimentel, o objetivo é ultrapassar 50% de participação de venda desse tipo nas lojas do Pão de Açúcar.
Outra característica do novo formato Pão de Açúcar é a ampliação da oferta de serviços, com ambiente de café e estandes que preparam pratos na hora, incluindo pizzas e hambúrgueres – tudo interligado para tornar a experiência do cliente mais completa.
“Nossa ambição é que o cliente possa vir tomar café da manhã, almoçar e jantar”, afirmou Pimentel. O executivo enxerga a abertura da unidade como uma boa maneira de testar as novas soluções que a companhia vem desenhando para a bandeira. O GPA planeja lançar esse formato em 15 lojas pelo período de três meses.
Ainda de novidade, o novo formato Pão de Açúcar volta com atendentes especializados (de vinhos e queijos, por exemplo) e empacotadores.
A nova loja tem 1.600 metros quadrados de área de vendas e foi construída sob o modelo G7 (sétima geração). É a primeira loja construída do zero que o Pão de Açúcar abre na capital paulista em cinco anos. A bandeira inaugurou 14 unidades em 2022, entre convertidas e orgânicas, em outras cidades e estados.
Até o fim do ano, a rede deve abrir mais três lojas no Estado de São Paulo. Cinco obras estão em andamento no Brasil, com inaugurações previstas para o próximo ano. Ao todo, o GPA espera fechar 2022 com 75 aberturas.
Uma nova dinâmica
O foco em perecíveis traz algumas mudanças na dinâmica de estocagem e reabastecimento. De acordo com Pimentel, a ideia é diminuir o estoque de produtos improdutivos. Nas lojas, o volume de exposição de perecíveis fica menor, mas a frequência de reabastecimento aumenta.
“Isso protege principalmente a experiência que o cliente espera de nós. Ter volume na banca não se traduz necessariamente em melhor qualidade”, comentou.
Pimentel defendeu que aumentar o calibre da qualidade de produtos do Pão de Açúcar é benéfico na medida que também eleva a rentabilidade das operações, paralelamente com a redução dos custos ociosos.
4T22 e 2023
Pimentel afirmou que, mesmo com o impulso da Black Friday (especialmente para alimentos e bebidas), o quarto trimestre do GPA deve vir muito semelhante ao terceiro trimestre, considerando o cenário macroeconômico atual, com o consumidor mais cauteloso.
“O consumidor está sendo cuidadoso com o momento macroeconômico. Para o varejo alimentar, o impacto é menor, mas sem dúvida tem impacto”, avaliou.
Pimentel acredita que o momento atual se dá mais pela incerteza macroeconômica do que pelos fundamentos. O CEO avalia que, com a inflação dando sinais de melhora e os níveis de desemprego caindo, a confiança começará a mudar.
Em relação ao ano passado, Pimentel lembra que as vendas de 2021 vieram fortes devido à liquidação dos estoques dos hipermercados Extra. Segundo o executivo, a melhor comparação acontecerá a partir do primeiro trimestre de 2023.
O executivo do GPA também sinalizou que os investimentos podem aumentar em 2023, com foco em aberturas de lojas de proximidade, complementação das lojas G7 (sétima geração) e na área digital (cibersegurança).
Até 2024, o GPA quer abrir 300 unidades, sendo 250 lojas de proximidade e 50 supermercados.
Controlador Casino
Pimentel afirmou que não há informações sobre uma potencial venda de participação do GPA por parte do controlador Casino.
A possibilidade de o grupo francês se desfazer de uma fatia da companhia aumentou depois do lançamento da oferta secundária de ações bilionária do Assaí (ASAI3) para a venda de mais de 10% da empresa de atacarejo, em movimento para reduzir a dívida.
Com a operação precificada a R$ 19 por ação, o Casino levantou R$ 2,67 bilhões com a venda de 10,44% do Assaí, ficando com cerca de 30,5%.
A quantidade de ações inicialmente ofertada poderia ter sido acrescida em até 35,2% do total de ações inicialmente ofertado, mas não foi.
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