Dólar

Os motivos que estancaram a sangria do dólar ante o real e fazem a moeda derreter no exterior

13 jul 2023, 17:49 - atualizado em 13 jul 2023, 17:52
EUA
Dólar volta à casa dos R$ 4,79, enquanto despenca frente a uma cesta de moedas fortes no exterior de olho nos EUA (Imagem: Pixabay/kalhh)

dólar à vista ensaiou uma volta aos R$ 5,00 na semana passada, após atingir as máximas em um mês, de R$ 4,95. Contudo, quatro dias depois, a moeda norte-americana retornou ao patamar abaixo dos R$ 4,80 impulsionada por um motivo que vem de fora: a inflação dos Estados Unidos.

Com isso, a divisa estrangeira fechou o pregão desta quinta-feira (13) em queda de 0,5% frente ao real, cotada a R$ 4,78 para venda. O contrato futuro com vencimento em agosto recuou na mesma magnitude, mas a R$ 4,81.

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Inflação puxa dólar para baixo

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ganhou força em junho, acelerando-se ante maio. Com isso, o CPI subiu 0,2% na base mensal e foi para +3% no confronto anual, em linha com as estimativas de economistas do mercado. Em maio, o indicador da inflação americana havia registrado aumentos de 0,1% no mês e de 4% no ano.

Desta forma, desde que o dado foi divulgado, ontem (12), o Dollar Index (DXY) – índice que mede a força do dólar ante uma cesta de moedas fortes -, caiu dos 101,7 pontos para 99,7 pontos, no menor patamar desde abril de 2022. Na semana passada, o DXY chegou aos 103,3 pontos.

Falando em inflação, o dólar é o ativo da carteira do investidor brasileiro que mais perde em relação ao IPCA. Segundo levantamento de Einar Rivero, head comercial do hub independente do mercado financeiro TradeMap, no acumulado de 2023 até o mês passado, o índice de inflação tem alta de 2,87%, enquanto a divisa estrangeira tem rentabilidade negativa de 7,6%.

Contudo, o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, comenta que o prêmio positivo do real frente ao câmbio, sugerido por pares e de acordo com o modelo da casa de análises, caiu cerca de R$ 0,03. “Tal fechamento se deu muito mais em função de uma sobreperformance dos países pares do dólar do que uma piora da moeda brasileira”, diz.

O que pode freiar novas quedas do dólar até o fim do ano?

Fed e dólar menos pressionados

Ele destaca que, nos últimos dias, o “grande driver” do comportamento cambial em termos globais foi o alívio no juro americano, após dados de inflação sugerirem que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) poderá adotar uma “política monetária mais acomodatícia”.

Hoje, foi divulgado o indicador de preços ao produtor (PPI) dos Estados Unidos. Os números reforçaram a expectativa de uma política monetária não tão restritiva no país. Sendo assim, os preços ao produtor para demanda final subiram 0,1% em junho ante o mesmo mês do ano passado, abaixo das projeções de analistas.

“O PPI veio quase nos mesmos moldes do CPI, indicando que teremos aumento de juros no próximo encontro do Fed e depois uma pausa. Isso fez o dólar cair fortemente lá fora”, comenta o diretor de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.

O economista e consultor André Perfeito reforça que a política de juros nos Estados Unidos pode ajudar o real em mais uma rodada de apreciação, mas lembra do cenário de juros doméstico.

“Uma coisa é a expectativa de corte de juros, outra bem diferente é quando começará a cortar de fato a taxa básica [Selic]”, observa, acrescentando que, além da discussão em torno de juros aqui e lá fora, “não vê, por enquanto, motivos para uma apreciação adicional do dólar”.

*Com Reuters