Os melhores investimentos em renda variável para 2022
O Ibovespa vive um período menos tortuoso em dezembro, apesar do pânico generalizado que a nova variante do coronavírus, a ômicron, causou nos mercados após ser descoberta.
Desde o início do mês, o principal índice da B3 (B3SA3) acumula valorização de 5%, impulsionado por altas expressivas pontuais, e corre para se recuperar do baque de novembro.
Por outro lado, no acumulado do ano, o Ibovespa computa perdas de 10%, refém de uma dinâmica macro brasileira pior e de ruídos originados no exterior.
Para especialistas do mercado financeiro, 2022 não será tão diferente de 2021 no quesito “turbulência”.
Sob a sombra das eleições presidenciais e a expectativa de aumento dos juros e da inflação, a volatilidade do mercado acionário deve se estender para o próximo ano.
Pela leitura de Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos, o primeiro semestre deve ser mais turbulento para a Bolsa, visto que a eleição para a presidência da República acontecerá só na segunda metade do ano.
“Enquanto a gente não tiver eleição, a volatilidade, o risco e a incerteza vão continuar altos. E isso deve ser concentrado principalmente no primeiro semestre”, comenta.
Segundo Morelli, para um desempenho mais bem definido da Bolsa, vale dizer que “o presidente é sempre melhor que o candidato”.
“A partir do momento em que nós temos um novo presidente, talvez a gente consiga ter o horizonte um pouco mais claro e uma melhora no fim do ano”, afirma o especialista.
Fugir do Ibovespa?
À espera de um ambiente volátil no próximo ano, os investidores devem correr do mercado de ações? Não, muito pelo contrário.
De acordo com Matheus Spiess, analista da Empiricus, o Ibovespa está descontado e oferece boas oportunidades para quem pensa em investir em renda variável.
Spiess destaca que o mercado já está precificando boa parte dos riscos esperados para 2022, incluindo o ambiente de estagflação. “O investidor brasileiro precisa ter Bolsa, ainda que pouca, porque está muito barato”, defende.
Segundo o analista, a volatilidade em anos eleitorais normalmente não compensa o carrego do prêmio de risco de Bolsa. No entanto, os ativos estão em patamares atrativos de preço e podem “destravar valor” a partir de 2023, diz.
O cenário otimista seria reiterado com o que ele avalia como uma eventual terceira via “reformista e pró-mercado” mais competitiva nos próximos meses e a inflação estiver ancorada para os próximos anos.
Mesmo o coronavírus não tem força suficiente para tirar a atratividade da Bolsa brasileira, na avaliação de Spiess. Com o processo de vacinação encaminhado, o analista não vê mais o vírus como o principal risco do mercado (embora deva continuar no radar dos investidores, diz).
Não desista das ações
O setor de commodities é uma aposta do analista da Empiricus para 2022. A recomendação é alocar uma fatia da carteira em ativos ligados a aço, minério e petróleo.
Spiess destaca que, diferente do minério de ferro, que é muito sensível à China, o aço é mais resiliente, porque está mais ligado ao mercado americano. O nome favorito dentro dessa categoria é Gerdau (GGBR4).
Para petróleo, o especialista gosta da gigante Petrobras (PETR4), mas em menor peso por ser uma estatal e estar suscetível aos ruídos das eleições. Spiess também recomenda outra petroleira, a 3R Petroleum (RRRP3).
A representante de minério de ferro é a Vale (VALE3). O analista entende que a ação está muito barata e, por isso, é interessante carregar o papel ano que vem.
Dê uma chance a investimentos alternativos
Exposição a ouro é outra recomendação de Spiess, visto que é uma reserva de valor. No Brasil, é possível investir no BDR (Brazilian Depositary Receipt, certificado emitido no Brasil que possui como lastro uma ação emitida no exterior) da Aura Minerals (AURA33), mas a preferência recai sobre mineradoras do exterior – o ETF VanEck Vectors Gold Miners (SMH) e a Newmont Mining Corporation, que também tem BDR (N1EM34).
Morelli, da Davos, também indica investir em ouro como investimento alternativo, tendo em vista o caráter dolarizado do ativo. Fundos de private equity também são uma opção para diversificar a carteira.
Olhe para o exterior
André Albo, sócio-fundador da Alta Vista Investimentos, chama atenção à gama de alternativas no mercado local. “Quando a gente fala de ações, muitas vezes nos restringimos apenas ao Ibovespa. Hoje em dia, temos alternativas no mercado brasileiro, disponíveis ao investidor comum – como fundos internacionais”, explicou.
Albo disse que um dos benefícios de se expor aos mercados internacionais é diversificar os setores com exposição na carteira do investidor brasileiro.
Se no Ibovespa existe restrição a certos segmentos (bancos, varejo e mineração), nas Bolsas americanas, por exemplo, é possível investir em outras categorias, como carros elétricos e biotecnologia.
“Para o investidor, nessa linha de diversificação da carteira, de olhar outras possibilidades, os ativos internacionais são uma grande forma de se proteger contra nosso cenário turbulento local”, defendeu.