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Os IPOs vão voltar em 2022, finalmente?

23 dez 2021, 10:45 - atualizado em 23 dez 2021, 10:42
Gráfico com vários IPOs em primeiro plano. Ao fundo, uma cidade com vários arranha-céus
“O cenário eleitoral abala a confiança internacional”, destaca Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Verde (Imagem: Shutterstock)

2021 foi o ano do capital aberto, com seus 47 IPOs (Oferta Pública Inicial, do inglês initial public offering) realizados na B3. A título de comparação, em 2020, foram promovidas 28 ofertas de ações e, em 2019, apenas quatro.

Com isso, 2021 ocupa o segundo lugar no ranking de maior número de listagens na Bolsa, somente atrás de 2007, que segue sendo o recordista com 64 IPOs. O destaque deste ano que termina foi o primeiro semestre, quando a conjugação de juros baixos (que impelem os investidores para a renda variável) com o otimismo com a reabertura da economia após o pior momento da pandemia de Covid-19 incentivaram as empresas a buscarem o mercado acionário.

No segundo semestre, contudo, a forte desvalorização da bolsa brasileira jogou um balde de água fria nos IPOs deste ano. De julho a novembro, o Ibovespa (IBOV) fechou todos os meses em queda e, no acumulado do ano até o penúltimo mês, o recuo do principal índice de desempenho da B3 soma 14,37%.

Como se sabe, a Bolsa brasileira foi abatida por um verdadeiro fogo cruzado. De um lado, as ruidosas caneladas do presidente Jair Bolsonaro no STF, na Petrobras, no mercado, em políticos e nas vacinas contra a Covid-19 incendiaram o panorama doméstico e causaram fortes volatilidades na Bolsa.

Somem-se, a isso, a deterioração do cenário econômico, com a escalada da inflação, a estagnação do PIB e a necessidade de o Banco Central elevar os juros para conter a alta dos preços.

No front internacional, a freada da China, preocupada com sua própria inflação, e o surgimento da variante ômicron, mais contagiosa que sua antecessora, a delta, reavivaram os fantasmas da pandemia de coronavírus e de novos lockdowns.

Diante deste cenário, a maioria das ações estreantes no mercado financeiro registrou queda. Outras empresas simplesmente desistiram ou adiaram sua abertura de capital. Mas, afinal, esta fila de ofertas públicas vai andar em 2022? O próximo ano será mais um forte em relação aos IPOs?

Os IPOs vão voltar em 2022?

De acordo com o head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga, a fila de IPOs que foram adiados este ano não deve andar em 2022. O gestor acredita que os principais aspectos que travarão as ofertas iniciais no próximo ano são a taxa de juros e as eleições de 2022.

Juros nas alturas

“Sem dúvida nenhuma, teremos uma taxa de juros elevada em 2022, possivelmente de dois dígitos. Quando a taxa é alta, a falta de atratividade por capital em renda variável — ou seja, na bolsa de valores — é maior”, explica Madruga.

Sem atratividade na Bolsa, fica mais difícil que as empresas encontrem interessados em injetar capital nos seus negócios, em troca de se tornarem sócios, por meio da compra de ações.

Entretanto, o especialista destaca que, em 2022, os juros não irão subir na mesma velocidade dos últimos meses. Isso porque, o pico de alta da inflação ocorreu no segundo semestre de 2021.

Corrida eleitoral

Outro ponto ressaltado pelo head da Monte Bravo é a corrida eleitoral. Dependendo do setor em que atua, uma empresa pode sentir mais ou menos o impacto das eleições de outubro.

Madruga destaca que a corrida presidencial deixa os investidores globais com um pé atrás quanto a eventuais arroubos intervencionistas ou populistas“As interferências governamentais em alguns setores da economia são detalhes muito importantes em relação à confiança internacional, não só no Brasil, mas nos países emergentes”, afirma.

“Trata-se de interferências bem relevantes, que não são novidade para o capital estrangeiro, mas em um ano eleitoral, em que provavelmente haja mudanças de governo e de política econômica, e com resultado e expectativa de PIB fraco, isso pode se agravar”, completa o head de renda variável.

Historicamente, muitos investidores estrangeiros entram na Bolsa brasileira pelos IPOs. Porém, com a confiança abalada pela instabilidade política, esse capital pode deixar de ser aplicado no país.

O gestor ainda lembra que, em 2021, a B3 registrou entrada líquida positiva de capital estrangeiro, porém um volume muito inferior do que o seu potencial permitiria. Em sua visão, o investidor internacional está migrando para grandes economias.

Os IPOs de 2022 terão bons preços?

Condições de colocação

Para Bruno Madruga, as condições de colocação no próximo ano dependerão diretamente da taxa de juros e das expectativas do PIB brasileiro.

O head da Monte Bravo acredita que as empresas apostarão na captação de recurso através de outros veículos, como a emissão de crédito, debêntures, CRA e CRI.

Preços dos IPOs

O executivo defende que as empresas que se destacarão nas ofertas públicas são as do setor de tecnologia. “Nos últimos anos, o mercado americano teve uma forte expansão do setor de tecnologia. Eu acho que isso é uma tendência global, e aqui no Brasil não deve ser diferente”, analisa.

Madruga ainda ressalta que hoje existem poucas empresas do seguimento tecnológico listadas na bolsa brasileira.

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
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