Mercados

Os gatilhos que podem fazer o Ibovespa disparar (e 6 ações para se expor à alta), segundo Safra

24 mar 2025, 17:42 - atualizado em 24 mar 2025, 17:42
Alta ações ibovespa
Nos cálculos do banco, a bolsa de valores é negociada a um desconto de 35% sobre sua média histórica de 10 ano (Imagem: Canva Pró)

A bolsa está barata e não é de hoje. Basta ver o desempenho do Ibovespa nas últimas semanas. Em dias, o índice saiu do patamar de 122 mil pontos para 130 mil pontos. A entrada de investidores estrangeiros, junto com a possibilidade de juros menores, empolgou o mercado.

Para o Safra, é possível se posicionar para aproveitar o desconto e surfar na onda do Ibovespa no médio e longo prazo. O banco projeta a bolsa em 141 mil pontos até o final do ano. 

Porém, os analistas dizem que o cenário ainda inspira cautela. Entre os problemas está o impacto do maior protecionismo nos Estanos Unidos para a economia mundial, as incertezas fiscais no Brasil e o ciclo de aperto monetário que poderia levar a uma desaceleração da atividade mais à frente.

“O mercado de ações brasileiro parece embutir no preço tal cenário dado o múltiplo preço/lucro descontado do Ibovespa, e acreditamos que investidores deveriam seguir com um posicionamento mais defensivo no curto prazo”.

Ibovespa: Os gatilhos

Um dos principais gatilhos para a alta do IBOV seria uma inflação menor e, consequentemente, juros menores.

Os analistas dizem haver sinais de que haverá desaceleração da atividade, o que pode levar a preços mais controlados e exigir um patamar mais baixo de juros em 2025/2026 do que o projetado.

Diferente de outras casas, o Safra vê apenas uma alta de 0,5 ponto percentual na próxima reunião, como já sinalizado pelo Banco Central. E não só isso. O banco também espera um corte dos juros já nesse ano, na penúltima reunião, levando a Selic para 13,75% (ante 15% do consenso de mercado).

“Como comentamos acima, alguns dados anunciados nas últimas semanas já começaram a indicar desaceleração da atividade, corroborando nossa visão e gerando leve alívio para os juros futuros”.

Ainda segundo a equipe do Safra, a potencial queda poderia trazer alívio para o mercado mais à frente considerando a correlação negativa entre o mercado de ações e os juros (os juros sobem, a bolsa cai; os juros caem, a bolsa sobe).

Ao analisar o desempenho recente do mercado, os analistas notam contração de 10% no múltiplo de negociação do Ibovespa desde que o Banco Central iniciou o ciclo de elevação da Selic, variação muito próxima do padrão histórico de contração em ciclos de aperto monetário.

Além disso, nos cálculos do banco, a bolsa de valores é negociada a um desconto de 35% sobre sua média histórica de 10 anos.

Outro sinal é de que as empresas listadas estão abrindo um número recorde de programas de recompra de ações, o que sugere oportunidade de investimento com risco/retorno favorável para quem tem uma visão de médio e longo prazos.

Quais as ações se expor?

Para compor a seleção, o Safra considerou o valuation, força do negócio, nível de endividamento e perspectivas de médio e longo prazos. A começar, uma ação que caiu quase 40% no último ano: a Localiza (RENT3).

“A companhia possui uma das melhores estruturas do setor no Brasil devido à sua boa diversificação, pois atua nos três principais segmentos do setor (aluguel de carros, aluguel de frotas e seminovos), tem um custo de captação abaixo da média em virtude de seu excelente perfil de crédito”.

Para os analistas, sua ação tem potencial de valorização atraente. O Safra espera que seus resultados continuem melhorando gradualmente devido ao crescimento das receitas, impulsionado pelo aumento das tarifas.

Com um preço sobre lucro de 10x, a ação está 56% abaixo do seu múltiplo médio de 5 anos de 22,6x. 

Preço-alvo: R$ 47,8

Potencial: 42,9%

Vai uma construtora aí?

Outra empresa que chama a atenção do Safra é a Cyrela (CYRE3). Para os analistas, a companhia conseguiu passar ilesa pelas condições macroeconômicas instáveis dos últimos anos graças a uma execução impecável.

“Nos últimos 5 anos, a companhia registrou crescimento recorde de vendas de 21% e encerrou 2024 com 65% do valor geral de vendas (VGV) recorde já vendido, o que levou seus níveis de estoque à mínima histórica de 10 meses de vendas”, diz.

Os analistas estimam que a maior participação de lançamentos recentes com margens mais altas no mix de receita deve, em grande parte, sustentar os níveis de margem de lucro da companhia nos próximos anos, resultando em um crescimento anual composto no lucro líquido de 14% de 2024 a 2026.

Preço-alvo: R$ 33,5

Potencial: 40,1%

Uma joia rara

A Vivara (VIVA3) é outro papel que caiu bastante nos últimos 12 meses, acumulando queda de 27%.

Apesar disso, o Safra diz que espera mudanças resultem em crescimento anual composto de cerca de 14% na receita entre 2024 e 2027 e em expansão da margem Ebitda de cerca de 2 p.p. no mesmo período. 

“Com um P/L de 7,5x para 2025, desconto de cerca de 24% em relação aos pares –, acreditamos que a ação apresente sólido potencial de valorização, ao mesmo tempo em que representa também uma estratégia defensiva”.

Preço-alvo: R$ 27,5

Potencial: 44,1%

Hora dos papéis de educação?

O Safra também vê potencial nos papéis de educação, que ainda não recuperaram do baque da pandemia.

Para o banco, a Yduqs (YDUQ3) continua executando uma estratégia bem-estabelecida de retorno de capital aos acionistas, ao mesmo tempo em que mantém um portfólio altamente diversificado de segmentos, posicionando-se para navegar pelos desafios macroeconômicos de forma mais eficaz.

“Desde o fim de 2024, a companhia está em uma trajetória positiva de lucros, e acreditamos essa trajetória persistirá por alguns trimestres. Além disso, o programa MM3 representa uma oportunidade significativa para a Yduqs”.

Suas ações estão sendo negociadas a um P/L de 6,7x para 2025, com rendimento estimado de fluxo de caixa livre de 17% no ano.

Preço-alvo: R$ 15

Potencial: 28,2%

Randon: Um caminhão de oportunidades

O Safra diz que a fabricante de reboques e autopeças está exposta a setores essenciais da economia, como o agronegócio, que deve manter um desempenho robusto a longo prazo, já que a crescente demanda global por alimentos deve continuar impulsionando o crescimento das vendas a longo prazo nas divisões.

“A companhia também lidera o mercado, possui vantagens competitivas na maioria dos segmentos em que atua e tem capacidade de manter o poder de precificação. Esses fatores, combinados com investimentos consistentes em tecnologia, proporcionam à companhia vantagens competitivas significativas”.

Preço-alvo: R$ 12,8

Potencial: 38,4%

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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