Bancos

Os fundos que já rendem mais para o banco do que para o investidor

16 out 2017, 23:20 - atualizado em 05 nov 2017, 13:53

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

Com a queda dos juros para 8,25% ao ano, diversos fundos de renda fixa já começam a render mais para o banco que faz sua gestão do que para o investidor. Isso porque a taxa de administração cobrada nessas carteiras supera metade do rendimento bruto da Selic, ou seja, mais de 4,125% ao ano. Estudo feito com a ferramenta de fundos da empresa de dados Economática mostra oito carteiras de renda fixa, DI e Curto Prazo com taxa de administração acima de 4,20%, chegando em alguns casos a 5,5% ao ano, ou dois terços da remuneração de 8,25%. Isso em termos brutos. Se descontado o imposto de renda, de 15% para prazos acima de dois anos, o ganho da Selic de 8,25% cairia para 7% e uma taxa de administração de 5,5% equivaleria a 78% do ganho líquido obtido pelo investidor.

E mais fundos devem passar a render mais para o banco, uma vez que estão previstos novos cortes dos juros que levarão a taxa básica para perto de 7% ao ano, como estima o boletim Focus do Banco Central. Nesse caso, fundos com taxa de administração de 3,5% já levarão metade do ganho bruto do investidor.

A taxa de administração nesses fundos têm impacto direto na rentabilidade, uma vez que não há um trabalho de gestão propriamente dito, mas apenas a compra de títulos públicos de menor prazo possível. Por isso, a rentabilidade das carteiras com mesma taxa de administração é praticamente a mesma nos vários bancos.

Muitas dessas carteiras são destinadas ao varejo ou a sistemas de aplicação automática na conta dos investidores que, sem perceber, deixam o dinheiro parado rendendo para o banco. Um sinal é o grande número de cotistas desses fundos, com um deles atingindo 87 mil clientes. A taxa de administração é alta, portanto, pela comodidade do serviço de aplicação e resgates automáticos ou para cobrir os custos operacionais com valores de aplicação menores. No caso do Hiperfundo, do Bradesco, um dos maiores fundos do mercado, seus 308 mil investidores abrem mão da rentabilidade para concorrer a sorteios de carros.

Menos que a poupança

Apenas como comparação, as cadernetas de poupança, a menor rentabilidade do mercado de renda fixa, pagaram em setembro 0,50% líquidos, equivalentes a um rendimento bruto de 0,64% considerando um imposto de renda para um mês (alíquota de 22,5%). No ano, as cadernetas pagaram até setembro 5,21% líquidos, o equivalente a 6,51% brutos antes do imposto de 20% para aplicações de seis meses a um ano.

Fundos mais caros perdem depósitos

Uma boa notícia é que esses fundos mais caros estão perdendo depósitos, como mostra a relação entre seu patrimônio em setembro e sua média de 12 meses. No Santander Inteligente, por exemplo, o patrimônio equivale a 60% da média do ano. Sinal que os investidores estão realmente ficando inteligentes. Mesmo o Hiperfundo perdeu recursos, com 89% da média em 12 meses. Mas há casos de aumento, com cinco fundos com mais de 100% da média.

Os investidores deveriam então não aplicar nesses fundos? Depende. Se não há outra opção, é melhor um ganho baixo do que nenhum. Mas sempre é possível organizar as contas para escolher uma aplicação melhor e deixar nessas carteiras apenas o que realmente vai ser usado no dia a dia, ao longo do mês e os menores valores possíveis. Especialmente com a taxa de juros se mantendo em níveis mais baixos daqui por diante.

Nome Cotistas Patrimônio PL/Média Setembro No ano 1 ano 2 anos Tx Adm
Banrisul Automático CP 838 279.337 80,62 0,20 3,71 5,64 14,12 5,50
Santander Fc Inteligente CP 26.581 302.832 61,68 0,20 3,70 5,63 14,12 5,50
Santander Fc Classic Ref DI 87.941 971.751 63,67 0,25 4,18 6,25 15,40 5,00
Itaú Pp RF CP FICFI 1.236 579.329 81,63 0,24 4,09 6,15 15,25 5,00
Santander Fc Empresas CP 19.263 1.535.357 41,02 0,24 4,10 6,17 15,28 5,00
Safra Prático CP Aplic Auto 6.957 152.123 108,79 0,25 4,18 6,28 15,52 4,80
Itaú Federal Dynamic CP 301 112.963 88,52 0,28 4,48 6,68 16,39 4,50
Santander Extra RF Ref DI 18.822 66.916 97,15 0,31 4,70 6,97 16,96 4,20
Banestes Invest Public RF 1.396 598.067 104,34 0,33 4,95 7,31 17,80 4,00
Santander FICFI Top RF 15.021 74.842 90,54 0,35 4,99 7,36 17,80 4,00
BB CP Supremo Setor Público 144.976 40.288.293 99,23 0,32 4,86 7,19 17,48 4,00
Itaú Federal Provision RF CP 159 133.889 100,43 0,32 4,84 7,18 17,48 4,00
Bradesco DI Hiperfundo 308.216 3.343.801 89,78 0,32 4,96 7,31 17,76 3,90
Itaú Prêmio RF Ref DI 22.277 219.729 94,08 0,33 5,02 7,39 17,98 3,90
Itaú Prêmio RF FICFI 16.928 182.295 92,29 0,34 5,16 7,53 18,41 3,90
BB RF LP 100 FICFI 442.642 11.345.831 101,28 0,34 5,05 7,43 17,93 3,80
BB RF CP Automático Fc 146.291 14.119.326 109,77 0,35 5,09 7,50 18,16 3,70
Bradesco Ref DI Safira 10.982 616.885 108,76 0,36 5,28 7,75 18,72 3,50

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