Commodities

Os fertilizantes serão um problema para o produtor rural em 2025?

21 dez 2024, 11:30 - atualizado em 21 dez 2024, 12:00
fertilizantes produtor rural
(iStock.com/Srinuan Hirunwat)

O agronegócio convive com um cenário desafiador. Com margens apertadas para as principais commodities, o produtor rural encara uma escalada do dólar e da taxa Selic.

Ainda que a valorização da moeda norte-americana eleve a competitividade dos produtos no mercado global a curto prazo, o dólar mais caro afeta o acesso ao crédito para custeio e investimentos na produção, podendo trazer problemas para aquisição de fertilizantes, já  que 80% dos insumos utilizados são importados.

Em 2024, o mercado de fertilizantes ficou marcado pela continuidade do cenário visto em 2023, com a retomada das condições normais no mercado após a turbulência de 2022, com o início da guerra entre Rússia e Ucrânia. No ano passado, 28% dos fertilizantes importados pelo Brasil vieram da Rússia.

De acordo com o Tomás Rigoletto Pernías, analista da StoneX, o mercado apresentou padrões sazonais típicos, com compras intensas antes da safra e importações ganhando importância no segundo semestre do ano. Segundo ele, os fertilizantes representam em torno de 30% do custo total do produtor rural no Brasil. 

Houve também uma recuperação na demanda por fertilizantes em 2023 e 2024, após uma queda em 2022, com uma tendência geral de crescimento no consumo de fertilizantes no Brasil, com um aumento anual médio de 4% a 4,5%. 

O dólar será um “vilão” para os fertilizantes?

Um dólar mais elevado leva ao aumento dos custos dos fertilizantes importados, já que os preços geralmente são cotados na moeda, e o frete e o seguro também são baseados na moeda americana.

Isso resulta em custos mais altos para os importadores, o que pode reduzir a demanda das empresas brasileiras. 

“Existe alguma correlação entre um dólar forte e preços de commodities em baixa, e existe algo como uma correlação inversa em determinados momentos. Se o dólar sobre e concretiza essa queda dos preços de commodities, isso piora a relação de troca do produtor rural, explica Pernías.

“Há vários poréns, vai depender de cada mercado, já que ele beneficia alguns exportadores. Dá pra dizer que o encarecimento da moeda representa o encarecimento dos insumos num país que importa mais de 80% do que é utilizado. É um cenário de atenção”

A relação de troca

O analista da StoneX reforça que é necessário olhar para a relação de troca para cada commodity. “Por vezes, mesmo a relação de troca entre soja x cloreto de potássio, que está em níveis favoráveis, ainda vemos um cenário bem diferente entre soja x MAP, um fosfatado que está em níveis proibitivos faz praticamente 10 meses. O dólar mais alto encarece os insumos, mas vai depender da commodity agrícola que estivermos analisando”.

As importações de fertilizantes pelo Brasil costumam ganhar força a partir do segundo semestre, entre junho-setembro, com o início da safra de soja, nossa principal cultura. Com isso, Pernías reforça que ainda é cedo para dizer cravar que o produtor pagará mais caro no ciclo 2025/2026.

“Não consigo dizer sobre como vai se dar a relação de troca em 2025, isso vai depender de como os preços dos grãos e dos fertilizantes vão se comportar. O ponto de atenção fica para os preços dos fosfatados, com os valores do MAP relativamente elevados e as relações de troca estiveram pouco atrativas durante todo 2024, algo que carregamos para 2025. Algo que segue preocupante”, discorre.

Além disso, no primeiro semestre de 2025, países do Hemisfério Norte como Estados Unidos e China aumentam suas aquisições, um fator altista no mercado internacional, já que o plantio mais importante dessas nações ocorre na primeira metade do ano, ao passo que os fundamentos baixistas ganham mais força no Brasil neste período.

“Esse é um ponto de atenção. No segundo semestre, por vezes, a situação tende a se inverter, com compradores brasileiros e indianos entrando no mercado para fazer suas aquisições”. 

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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
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