Os desafios que ainda ficam para a Natura (NTCO3) após a venda da Aesop, segundo BTG
Analistas do mercado avaliaram de forma positiva a notícia de que a Natura (NTCO3) fechou um acordo vinculante com a L’Oréal para a venda da Aesop. Investidores também chegaram a receber bem o comunicado, fazendo com que as ações da empresa brasileira disparassem na abertura do pregão desta terça-feira (4).
O ânimo esfriou um pouco e levou a Natura para o território de queda. Os papéis da varejista encerraram com desvalorização de 3,39%.
Na avaliação do BTG Pactual, a venda da Aesop resolve alguns problemas da Natura, mas não todos. O banco enxerga dois grandes desafios à companhia para os próximos trimestres:
- alta alavancagem no cenário de juros elevados (resolvido com a venda da Aesop); e
- problemas na renovação das operações da Avon, tanto América Latina quanto Internacional, e da The Body Shop.
“Gostamos dos esforços para simplificar sua estrutura em meio ao cenário adverso, mas em termos de fundamentos, o curto prazo deve continuar desafiador, com margens pressionadas e receita fraca”, comentam analistas do banco, em relatório publicado nesta terça.
O BTG destaca que a Natura focou em crescimento global agressivo nos últimos anos, diversificando seus canais de vendas ao adquirir Aesop em 2012, The Body Shop em 2017 e Avon em 2019. Como consequência, a alavancagem financeira subiu e o ROIC (retorno sobre o capital investido) caiu.
“Mas a Natura concluiu dois aumentos de capital em 2020 (R$ 2 bilhões em maio; R$ 6 bilhões em outubro), fortalecendo sua posição de caixa e reduzindo a alavancagem financeira e a dívida denominada em dólares (28% da dívida bruta na época)”, ressalta o time de análise.
Porém, com a piora do cenário macroeconômico, a Natura começou a entregar resultados aquém das expectativas nos últimos trimestres na maioria de suas unidades de negócios. A companhia encerrou o quarto trimestre de 2022 (4T22) com 5,1 vezes dívida líquida/EBITDA (pós-IFRS16), aponta o BTG.
Dívida líquida
Pelos cálculos dos analistas, assumindo 100% do preço de venda da Aesop, de US$ 2,5 bilhões, a dívida líquida da Natura cairá para R$ 1,6 bilhão (caixa líquido), proforma 4T22 (0,8 vez caixa líquido/EBITDA proforma 4T22).
Assumindo também que o restante da Natura será negociado a 7,5x EV/EBITDA (valor da firma sobre resultado operacional) pós-IFRS16, contra mediana histórica de 15x desde 2019, o BTG vê potencial de alta de 33% nos níveis de preços atuais.
O BTG tem atualmente recomendação “neutro” e preço-alvo de R$ 18 para a varejista.