Os bês da B3: ação é “boa, bonita e barata”, defende BB Investimentos
O BB Investimentos iniciou a cobertura da B3 (B3SA3) com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 16,30 ao fim de 2022. Apesar das pressões no curto prazo em função do cenário macro desfavorável e uma perspectiva de crescimento menos robusto para as receitas, a instituição ainda enxerga três atrativos na empresa: ela é “boa, bonita e barata”.
“Entendemos que a B3 apresenta um caso interessante de crescimento potencial, sem sofrer concorrência ampla no curto prazo, com pagamento de proventos significativo”, comentou o analista Henrique Tomaz, que assina o relatório divulgado nesta semana.
A B3 ainda tem muito a se beneficiar do crescimento do mercado acionário. O BB Investimentos destacou que a capitalização de mercado das ações das empresas listadas na B3 mais que dobrou desde o fim de 2016. O número de pessoas físicas que entraram na Bolsa cresceu seis vezes no mesmo período, o que fez com que o volume médio de negociação de ações praticamente quintuplicasse.
“Consideramos, em nossas premissas, que haverá uma continuidade no crescimento do volume médio diário de negociação de ações, no curto prazo, acima do PIB nacional, convergindo para um crescimento em linha com a economia no médio prazo, ao passo que decrescem as margens de receitas por volume negociado”, avaliou Tomaz.
A B3 é conhecida por ser uma boa pagadora de dividendos. Nos últimos dois anos, a distribuição de proventos aos acionistas superou o lucro líquido contábil, indicando um dividend payout de aproximadamente 130%.
O BB Investimentos projeta payout de 85% no longo prazo, seguindo a boa trajetória de pagamento de dividendos. O dividend yield estimado é de aproximadamente 9% nos próximos três anos.
Concorrência não é preocupação (mas existem riscos)
O BB Investimentos entende que a possibilidade de surgir uma nova concorrente nacional não caracteriza risco relevante para a B3, que já tem uma marca bem construída.
No entanto, Tomaz mapeou alguns riscos no modelo de investimento da companhia, sendo o aumento de listagem de companhias brasileiras em Bolsas estrangeiras o maior deles.
XP Inc. (XP), PagSeguro (PAGS), Stone (STNE) e Afya Educacional (AFYA) são apenas alguns exemplos de empresas que poderiam listar suas ações na B3, mas decidiram abrir capital lá fora.
A B3 também está suscetível à migração de empresas para as Bolsas estrangeiras. É o que ocorre atualmente com o Inter (BIDI3;BIDI4;BIDI11), que está no processo de mudança rumo à Nasdaq.
“A facilitação de negociações em países estrangeiros pelos investidores do Brasil pode impulsionar a listagem de empresas brasileiras em bolsas estrangeiras, reduzindo ainda mais o potencial de resultados da B3”, disse Tomaz.
Apesar de ser um ponto de atenção, o risco consegue ser mitigado pela listagem de BDRs (Brazilian Depositary Receipts, certificados emitidos no Brasil que possuem como lastro ações emitidas no exterior) na B3.
A maior concorrência da B3 vem por outros segmentos em que ela atua, como registro de operações de financiamento de veículos, imóveis e seguros. O BB Investimentos destacou, no entanto, que tais segmentos representam menos de 5% das receitas da companhia.
Outro fator monitorado pela instituição é a possibilidade de concorrência com os criptoativos, que podem reduzir os volumes futuros de negociação de ativos na B3. Porém, a companhia já está contornando essa situação ao oferecer ETFs (Exchange-Traded Funds, ou fundos de índice) indexados a esses ativos.
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