Economia

Os 3 principais indicadores econômicos desta semana

01 dez 2019, 14:46 - atualizado em 01 dez 2019, 14:50
A indústria passou a respirar um pouco mais em outubro com a aproximação das festas de final de ano e liberação do FGTS (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Por Paula Salati/Investing.com 

A primeira semana de dezembro é marcada pela divulgação de indicadores econômicos importantes do Brasil: Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, produção industrial de outubro e inflação de novembro.

As projeções indicam que, enquanto a economia continuou andando de lado nos meses de julho a setembro, a indústria passou a respirar um pouco mais em outubro com a aproximação das festas de final de ano e liberação do FGTS.

Além disso, expectativas indicam que a inflação deve ter acelerado em outubro, com a energia ficando um pouco mais cara e com o aumento dos jogos de Loterias. Porém, os movimentos são pontuais e não descontrolam a inflação.

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1. PIB do 3º trimestre continua em modesta retomada.

Após crescer 0,4% no segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) deve operar bem próximo deste número no terceiro trimestre. A mediana do mercado financeiro para o período é de alta de 0,2%. O IBGE divulga os números oficiais nesta terça-feira (03/12), em seu relatório das Contas Nacionais Trimestrais.

Na ocasião, o instituto irá divulgar ainda as revisões para o crescimento do PIB de 2017 e de 2018.

Segundo o Monitor do PIB da FGV, a economia deve avançar 0,1% em relação ao segundo trimestre, e crescer 0,9% na comparação anual. Do lado da demanda, a perspectiva para os investimentos e para o consumo são de expansão, bem como para a agropecuária e serviços, no lado da oferta.

A indústria deverá ser o único componente a operar no negativo, principalmente pelo fraco desempenho da indústria de transformação no período, que foi impactada, em parte, pela queda das exportações de automóveis para a Argentina.

Segundo o Monitor do PIB da FGV, a economia deve avançar 0,1% em relação ao segundo trimestre, e crescer 0,9% na comparação anual (Imagem: Reuters)

O economista da Tendências Consultoria, Thiago Xavier, acrescenta que as perdas da indústria extrativa, em decorrência da tragédia de Brumadinho (MG), também impactaram os números do setor como um todo.

Por outro lado, a construção civil irá promover um respiro no dado da indústria. O setor tem se recuperado desde o segundo trimestre deste ano, quando conseguiu avançar 1,9% em relação ao primeiro trimestre.

Segundo Xavier, reformas e construção de novos imóveis são os movimentos que estão reaquecendo o setor. Porém, para a construção deslanchar, os grandes projetos de infraestrutura precisam começar a sair do papel.

2. FGTS e festas de final de ano ajudam indústria a reagir em outubro.

Se no terceiro trimestre o setor industrial não animou, o mesmo não tende a ocorrer nos últimos meses do ano.

A liberação do FGTS em um período de início das festas de final de ano deve levantar a indústria do mês de outubro. O setor deve crescer 1,18% no mês, em relação a igual período do ano passado. A Produção Industrial Mensal (PIM) será divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (04/12).

“Os recursos do FGTS têm, geralmente, três destinos: pagamento de dívidas, poupança ou consumo. Como estamos em um período de festas de final de ano, isso acaba sendo muito contaminado pelo consumo. Importante lembrar que, além da liberação do FGTS, as pessoas começarão a receber o seu décimo terceiro”, diz Xavier.

Neste cenário, as indústrias de bens de consumo não duráveis (como alimentos, bebidas) e de semiduráveis (vestuário, calçados) saem mais beneficiadas. Até mesmo bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos e eletrônicos com menor valor agregado também podem ganhar mais dinamismo.

Os recursos do FGTS têm, geralmente, três destinos: pagamento de dívidas, poupança ou consumo, diz o economista da Tendências Consultoria, Thiago Xavier (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasi)

Xavier lembra que indicadores antecedentes já conseguem sinalizar uma melhora na indústria. A produção de automóveis, por exemplo, cresceu 9,6% em outubro em relação a igual mês do ano passado, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

“A produção de automóveis é 10,1% do PIM. Historicamente no Brasil, há uma correlação entre o desempenho da fabricação de automóveis e o dado geral da indústria, levantado pelo IBGE”, diz Xavier.

Já o Fluxo Pedagiado de Veículos Pesados, medido pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), cresceu 5,8% em outubro, na comparação anual, indicando que há mais circulação de mercadorias nas ruas.

A expedição de papel ondulado (caixa de papelão), por sua vez, cresceu 2,6% em outubro, contra expansão de 1,4% em setembro.

3. Inflação de novembro acelera com reajuste de loterias e energia.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro deve acelerar para cerca de 0,50%, contra alta de 0,10% no mês de outubro. O IBGE divulga o índice nesta sexta-feira (06/12).

André Braz, que é coordenador dos índices de inflação da FGV IBRE, diz que boa parte da alta é explicada pelos reajustes dos jogos de Loterias, a partir do dia 11 de novembro.

Segundo o coordenador dos índices de inflação da FGV IBRE, o grupo de Loterias não pesa tanto no IPCA, mas o aumento foi significativo (Divulgação: Rodrigo de Oliveira/Caixa Econômica Federal)

“Em média, esses preços subiram mais de 30%”, diz Braz. “O grupo de Loterias não pesa tanto no IPCA, mas a magnitude do aumento foi significativa”, destaca Braz.

Outros fatores que aceleram a inflação de outubro são:

– Uso da bandeira tarifária vermelha de energia, o que aumenta as contas de luz;

– Elevação dos preços da gasolina por conta da alta de 4% nas refinarias. Segundo Braz, esse avanço deverá chegar na bomba em torno de 1,5% a 2,0%.

– Alta dos preços da carne bovina: com a gripe suína na China, o Brasil elevou as suas exportações de carne para o país asiático, desabastecendo o mercado doméstico. Com a aproximação das festas de final de ano, a demanda por carnes aumenta, elevando os preços.

Contudo, ao final de 2019, Braz indica que o IPCA fechará próximo de 3,6%, bem longe da meta de 4,25% do Banco Central (BC). Os efeitos de alta no final do ano são movimentos muito pontuais e, por serem concentrados em grande parte em preços administrados, não indicam um aumento generalizado de preços ao consumidor.