Orlando Telles: A dois passos do “The Merge”, a próxima atualização da Ethereum (ETH)
*Por Orlando Telles
Para aqueles que estão acompanhando o mercado de criptoativos de forma mais aprofundada, acredito que uma das perguntas mais realizadas é: “Wen Merge?”, ou de forma traduzida, “quando acontecerá o The Merge?”
Se você nunca escutou esse termo ou acho ele estranho, essa é uma das atualizações mais importantes da história da Ethereum (ETH), que promete mudar de forma significativa o maior ecossistema cripto da atualidade.
Neste artigo, irei explicar tanto seus impactos e o porquê de estarmos muito próximos desse momento.
Desde o final de 2020, a Ethereum entrou em um grande processo de atualização, na época foi chamado de ETH 2.0. Apesar de a nomenclatura ter sido alterada pela comunidade, em essência vivemos uma fase de grandes mudanças na maior blockchain da atualidade.
Existem cinco grandes fases, que atualmente estão acontecendo de maneira paralela, apesar de existir uma certa prioridade e importância deles nesse momento. De maneira simplificada, cada uma delas pode ser definidas da seguinte forma:
- The Merge – Substituição do mecanismo de consenso “Proof of Work” (PoW) pelo “Proof of Stake” (PoS);
- The Surge – Foco na escalabilidade, em rollups e no modelo de sharding;
- The Verge – Foco nos stateless clients, mantendo a democratização dos nodes (“nós”), facilitando o processamento dos dados;
- The Purge – Eliminar histórico necessário para armazenar dentro de um node;
- The Splurge – Funcionalidades extras atreladas a melhorias infinitas.
Está claro que para este ano, o The Merge é o principal foco, apesar de melhorias e testes relacionados ao The Surge também terem certa relevância no momento, visto que o modelo de shardings está previsto para 2023.
O que é o The Merge?
The Merge é o acontecimento mais aguardado não só para o ecossistema da Ethereum como para todo mercado cripto. A atualização irá alterar o paradigma do algoritmo de consenso da Ethereum, alterando o Proof of Work atual para o Proof of Stake.
A validação da rede da ETH deixará de ser feita através do gasto energético em poder computacional (hashrate) e será feito por meio do capital travado na blockchain, uma estrutura que já é utilizada em outras plataformas de contratos inteligentes, como Solana (SOL) e Polkadot (DOT).
Um fator importante para pontuar é que o The Merge não altera a dinâmica de taxas, mas, sim, a taxa de emissão de novos ethers.
Portanto, não é esperado que as taxas caiam por conta do The Merge, visto que a taxa de gás (“gas fee”) está relacionad à camada de execução da rede, e aqui estamos falando de alteração na camada de consenso.
Uma das características mais relevantes do The Merge é, justamente, a alteração que vai proporcionar na taxa de emissão da rede, que irá sair de algo na faixa dos 14 mil ETH/dia para cerca de 1,4 mil ETH/dia – 10% do valor atual.
Esse efeito, junto ao modelo de queima implementado pelo EIP 1559, pode gerar efeito deflacionário no ativo. Além de gerar maior utilidade no token ether, pois o detentor do ativo poderá gerar uma renda passiva, que após a atualização deve ser algo entre 4% a 10% ao ano em ETH.
Contudo, há um impacto de eficiência energética da atualização.
Segundo estudos da Ethereum Foundation, essa mudança deve reduzir o consumo energético da rede em 99,5%, o que pode ter um impacto significativo na diminuição da pressão de venda do ativo por parte dos validadores, que possuem um custo menor no Proof of Stake quando comparado ao Proof of Work.
E por fim: Wen Merge?
Nesta semana, demos mais um passo rumo ao The Merge, visto que a Sepolia, rede de testes (“testnet”) da Ethereum, passou pelo processo de merge com sucesso. Com isso, a Ethereum finaliza mais uma etapa de seus testes e fica apenas a uma atualização do The Merge na Mainnet.
Como sempre comento, a atualização não é algo que ocorrerá repentinamente, como boa parte do mercado acredita. O processo foi iniciado em dezembro de 2020, por meio da ativação da Beacon Chain, e está sendo constantemente validado.
Foram realizados inúmeros testes e ajustes para viabilizar essa atualização e o sucesso nesse último teste, Sepolia, de todas as atualizações para o The Merge, foi a que apresentou o melhor resultado.
A rede não apresentou instabilidade ou bugs significativos e a maioria dos usuários conseguiu se sincronizar, evidenciando uma grande evolução do processo desde a Kintsugi, além de ser um excelente sinal para Ethereum.
A próxima etapa para essa atualização será o The Merge na rede testnet Goerli, que deve ocorrer dentro de cinco semanas, mesmo período entre a atualização em Ropsten, em 30 de maio, e em Sepolia.
Depois dessa atualização, caso seja bem-sucedida, será anunciada a data do The Merge na rede da Ethereum principal.
Caso o processo da Goerli ocorra de forma similar ao que aconteceu em Sepolia, podemos esperar a atualização na rede principal para a segunda semana de setembro, em um cenário conservador.
Em outras palavras, estamos a dois passos do The Merge, com a probabilidade muito alta de uma atualização bem-sucedida que mudará toda a dinâmica da política econômica do ETH. Sem dúvidas é uma grande destrava de valor em meio ao bear market que estamos vivendo.
*Orlando Telles é sócio-fundador e diretor de research da Mercurius Crypto, casa de pesquisa em criptoativos. O especialista é responsável pela gestão de riscos e análises fundamentalistas dos principais projetos do mercado de criptomoedas da casa. Com especialidade em ciências atuariais, Telles produz, atualmente, análises e conteúdos distribuídos pelos maiores players de cripto do Brasil.
Money Times é Top 10 em Investimentos!
É com grande prazer que compartilhamos com você, nosso leitor, que o Money Times foi certificado como uma das 10 maiores iniciativas brasileiras no Universo Digital em Investimentos. Por votação aberta e de um grupo de especialistas, o Prêmio iBest definirá os três melhores na categoria de 2022. Se você conta com o nosso conteúdo para cuidar dos seus investimentos e se manter sempre bem-informado, VOTE AQUI!
Disclaimer
O Money Times publica matérias informativas, de caráter jornalístico. Essa publicação não constitui uma recomendação de investimento.