Internacional

Órgão da ONU rejeita debate sobre tratamento da China a muçulmanos uigures

06 out 2022, 12:27 - atualizado em 06 out 2022, 12:27
Onu
Houve uma rara explosão de aplausos depois que o resultado foi anunciado na sala lotada do conselho em Genebra (Imagem: REUTERS/Carlo Allegri)

O conselho de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) rejeitou nesta quinta-feira uma moção liderada pelo Ocidente para realizar um debate sobre supostos abusos de direitos humanos na região chinesa de Xinjiang, depois que um relatório da ONU apontou possíveis crimes contra a humanidade contra uigures e outros muçulmanos.

A derrota (19 contra, 17 a favor e 11 abstenções) é apenas a segunda vez nos 16 anos de história do conselho que uma moção foi rejeitada e é vista pelos observadores como um retrocesso tanto para os esforços de responsabilização quanto para a autoridade moral do Ocidente.

Estados Unidos, Canadá e Reino Unido estavam entre os países que pediram a moção.

Houve uma rara explosão de aplausos depois que o resultado foi anunciado na sala lotada do conselho em Genebra.

“Isso é um desastre. Isso é realmente decepcionante”, disse Dolkun Isa, presidente do Congresso Mundial Uigur, cuja mãe morreu em um acampamento e dois irmãos estão desaparecidos.

O embaixador da China havia alertado pouco antes da votação que a moção criaria um “atalho perigoso” para examinar registros de direitos humanos de outros países.

“Hoje a China é o alvo. Amanhã qualquer outro país em desenvolvimento será o alvo”, disse Chen Xu.

O escritório de direitos humanos da ONU divulgou em 31 de agosto um relatório atrasado apontando que graves violações de direitos humanos foram cometidas em Xinjiang, em uma medida que aumentou a pressão sobre a China.

Grupos de direitos humanos acusam Pequim de abusos contra os uigures, uma minoria étnica majoritariamente muçulmana que soma cerca de 10 milhões na região de Xinjiang, incluindo o uso em massa de trabalho forçado em campos. Os Estados Unidos acusam a China de genocídio.

Pequim nega quaisquer abusos e disse que está “pronta para a luta” se forem tomadas medidas contra ela.

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